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Meu primeiro livro

Depois de guardadas na gaveta por mais de vinte anos, minhas poesias alcançam as prateleiras físicas. Quarentei, publiquei. É um longo processo, talvez até de compreensão desse momento do despertar, do despir.

Ao retomá-las nas mãos após tão longo hiato, muitas palavras ali precisavam de alguma lapidação. Revisando, editando aqui e ali, um ou outro termo, selecionei algumas poesias para elaborar o primeiro volume da Colmeia de letras.

Abaixo, tem o link se você quiser comprar, tanto na versão física quanto na versão digital.

Compre aqui o meu livro.

Conto de terror

Estou vendo TV na sala e acabei dormindo, recostada no sofá. Algo me acordou e eu não pude identificar o que. Será que eu dormi por pelo menos cinco minutos? 

Tem alguma coisa se mexendo no braço do sofá. O Tico, braquiossauro de pelúcia do Dante! Ele se mexeu novamente! Estou ficando louca! Melhor eu ir para a cama e dormir mais um pouco. Eu me deitei e quis abraçar o Dante, mas eu estou, na verdade, abraçando o Tico. Como ele veio parar aqui? E onde está o Dante? 

Eu reviro os lençóis e me desespero. O Júlio acordou e olhou para mim… Ele apontou para cima e disse “o Dante está ali”. Eu dei um grito de horror ao ver uma mancha no teto!

Acordei! Estou no sofá. Respiração ofegante, coração pulsando.  


Corro para a cama, ele está ali. Dante! Oh, ele dorme profunda e lindamente. 

Abraço seu pequeno corpo com toda a força que me seja possível apaziguar a alma sem acordá-lo. 

Durmo abraçada com ele a noite toda e espanto esse pesadelo.

Madre

Nessa casa vazia,

Esse invólucro que nada tinha,

Formou aos poucos uma morada,

Com muito esmero.

O útero quente e fértil entrega uma vida

E transforma a outra. 

Pois nascemos juntas, criatura e criadora.

Madre, fica aqui comigo mais um pouco…

Contempla essa réstia de luz.

Me ensina como comungar com essa dor

Dá-me a sua guarda, que aqui eu te espero.

Vejo-te sempre, assim comovida,

E da culpa toda não te oferecem nem o troco!

Ah, se os momentos todos fossem doces como esse alcaçuz!

Se aquele dedo alheio se recolhesse em seu próprio veneno, 

Se o abraço de outrem levasse embora o peso da solidão,

Viveríamos certamente dias de imenso esplendor!

Madre, fica aqui comigo eternamente,

No meu colo, na minha memória, na escuridão.

Madre leva consigo minha alma, 

Embala com a sua calmaria entoada de ninar.

Em tua mão, em teus ombros, alivia o meu peso, 

que dissolve suavemente na luz.

Relato 2021 – Agradecimento

Boa tarde a todos. Que honra dirigir essas palavras a cada um de vocês. 

Esse meu ano foi tudo, menos um ano monótono. Eu contraí Covid e fiquei dez dias internada na UTI. Nesse mesmo período, minha mãe, também com Covid, estava em outra UTI do outro lado da cidade. 

E aí eu decidi que em um primeiro momento, esconderia dela o meu estado de saúde para que a preocupação com a filha não atrapalhasse a recuperação. Depois de dias de tensão, medo real da morte, preocupação intensa e todo o mal estar que essa terrível doença gera no corpo, tudo deu certo. A cada dia de melhora, era uma comemoração e uma luz de esperança. Minha mãe e eu tivemos alta com menos de 24 horas de diferença uma da outra. Todos reunidos de volta à casa, tivemos, no entanto, um curto momento de paz e pouco tempo para comemorar, pois depois de duas semanas a minha mãe voltou à UTI, onde desenvolveu uma infecção generalizada e apresentou preocupante piora. Foram incontáveis as minhas orações, as noites mal dormidas. Toda essa angústia, já acumulada dos meses anteriores, cansava nossos corpos, porém era nesses momentos que o daimoku nos trazia ânimo e energia vital para continuar a luta. 

Desenganada pelos médicos, a minha mãe se recuperou de forma surpreendente e teve alta da UTI pela segunda vez! Quanta emoção! E, de volta ao lar, começamos a fazer planos para mudar de casa, já que ela passou a morar conosco e estava dividindo o quarto com o Dante. O apartamento já não cabia mais no nosso novo modelo familiar. Isso tudo foi um longo processo, porque, a princípio, eu relutei muito, já que não queria me mudar de casa. Porém percebi que a nossa família havia crescido e que a minha mãe passaria a morar conosco em definitivo, para o bem de todos. 

Quase sempre as mudanças nos tiram da nossa zona de conforto, não é? E eu fiquei muito inflexível naquele momento. Mas foi através de muito daimoku que eu consegui transformar a minha condição de vida e passei a enxergar de forma positiva toda essa situação, aceitando e abraçando essa mudança. Também nesse período, o Júlio foi promovido, não uma, mas duas vezes no trabalho, conquistando o cargo de especialista que ele tanto almejava. 

Eu vi como o Júlio obteve sua comprovação através da real prática da fé, e como ele me fortaleceu, estando sempre ao meu lado e me apoiando! Foi então que eu compreendi profundamente que neste ano a minha família conquistou todas as cinco diretrizes eternas: harmonia familiar, conquista da felicidade, vencer as dificuldades, boa saúde e longevidade, além da vitória infalível. 

Esse foi realmente um ano de vitórias infalíveis! E por isso, somos gratos. Gratos aos médicos que cuidaram de mim e da minha mãe. Gratos à nossa comunidade aqui na BSGI, que sempre nos apoiou. Gratos ao nosso Mestre Ikeda, que nos orientou a cada incentivo, a cada dia. Gratos aos amigos e familiares que nos ajudaram nos momentos mais difíceis, desde ajuda prática nas rotinas de hospital, até conversas virtuais em meio à essa loucura de pandemia. Somos gratos aos colegas de trabalho e chefes do Júlio por todo o suporte e estrutura oferecido enquanto ele estava doente, com Covid, enquanto eu estava na UTI e toda a trajetória e conquista do cargo dele dentro da empresa.

Enfim, depois de tudo isso estabilizado, tomamos mais uma grande decisão: Eu, Júlio, Dante e minha mãe nos mudamos de casa pra outra cidade e em primeira mão, quero informar vocês que a partir de janeiro de 2022, faremos a transferência de comunidade na BSGI. 

Por isso, eu vou aproveitar esse relato para fazer também a minha despedida, desta que é a última reunião de Palestra com vocês como integrante da comunidade Vila Guilherme.

Então, eu quero agradecer por esses quase cinco anos de convivência e dois anos como responsável do bloco, aprendendo muito, fazendo novas amizades, com oportunidades de sempre realizar mais daimoku, lutando pelo Kosen-Rufu ao lado de vocês.

Meus agradecimentos especiais à Assenção, que me emprestou seu saber, ensinou e orientou para extrair sempre o meu melhor desempenho. À Priscila Hasegawa pelo carinho, apoio e pela linda amizade que levarei sempre, sempre comigo. Meu muito obrigada ao Alan Goto por suas intervenções precisas e pelas sóbrias e inspiradoras orientações. 

Toda a minha gratidão também à Karen Monteiro, pelas infinitas horas de conversa que aquecem o coração, sempre com a palavra certa para me alegrar, é uma honra ser sua amiga. 

Também agradeço à Elisete Taemi pela sincera amizade e pelo profundo vínculo que desenvolvemos. 

Agradeço ao Alexandre Sales pelo carinho e por confiar a mim a responsabilidade como Coordenadora de Periódico mesmo que por este curto período. Meu muito, muito obrigada à Ana Sales, que me visitou com sua luz única na UTI quando eu estava com COVID, foi fundamental e será inesquecível esse carinho durante esse momento tão difícil da minha vida. 

Obrigada às duas Marias do meu coração! A Maria José do distrito e a Maria conselheira do Bloco Cachoeira. São rainhas de aura singular, que sempre me deram todo carinho e apoio e também guardarei com carinho cada memória vivida com vocês. 

Agradeço especialmente à Nãna, que foi quem me apresentou ao budismo, e a Juliana, que também ofereceu um caminho de felicidade durante o processo da minha conversão ao budismo lá em 2015. Vocês, duas queridas amigas, estão eternamente em meu coração.

Minha gratidão a todos da Regional Vila Guilherme, em especial à Divisão Feminina! É um time e tanto! Agradeço profundamente a todos os membros do bloco Cachoeira, a todos os membros do bloco Vila Guilherme por cada visita, pelos bate-papos, pelos estudos, e principalmente por me darem a oportunidade de orar por e com vocês a cada conquista, a cada desafio. 

Quero dizer que cada um de vocês, cada um do seu jeito único e especial, fez a diferença em minha jornada na Vila Guilherme, em cada momento de risadas, de lágrimas, desabafos, vivências e inesquecíveis laços de amizade. Cada dia com vocês foi como um abraço morno do sol, com inúmeras ondas de coragem e infinitas formas de aprendizado e sabedoria acumulada. 

Reafirmando meu juramento ao Mestre Ikeda, continuarei a luta pelo Kosen-Rufu aqui em Jundiaí, com vocês todos sempre em meu pensamento e no meu coração.

E olha: eu estarei por aqui para uma conversa sempre que quiserem,tá? Seja por whatsapp, vídeo, telefone e espero que, muito breve, presencialmente. Um beijinho especial do Dante para a Laís e para o Gustavo!  Muito obrigada e até breve! 

Despida ao poente

Onde é que encontro a perfeição solene

Do sol poente? 

As variadas cores saltam aos olhos 

Em um instante em que tudo é tão efêmero 

E tão urgente.

É ao contemplar o crepúsculo que eu permito os sentimentos 

Que correm pelo meu corpo, tal qual uma carga de eletricidade.

E entregando-me a esse vulnerável momento passageiro, 

– Para que esses mesmos sentimentos também se ponham e despeçam-se de mim, movendo-se junto com o sol – 

Eu calo essa voz desconhecida e contemplo tudo, silentemente.

Sinto-me deslocada progressivamente, violentamente…

Num grito estridente, destacado e autoflagelante,

Me descubro uma fraude prestes a ser flagrada em uma infâmia desconcertante.

Eu desesperadamente não me encaixo em nada, a não ser aqui, diante deste sol 

Que vai partindo sem dizer nem adeus, sem qualquer cerimônia. 

É aqui, nesse único segundo pálido, que eu compreendo inconvenientemente 

Todos eles, príncipes na vida, Fernando… 

Aqui, resta apenas a escuridão abandonada pelo ocaso. 

Uma réstia de memória desconectada do espetáculo poente. 

Falham-me as palavras todas, 

Abandonam-me os pensamentos mais primários. 

Tropeço a resfolegar,

E logo estou despida diante de mim.

Sigo nua dentro do meu próprio corpo, 

Mirando cada defeito, toda falha, em metódico escrutínio, 

Mas louvando cada descoberta. 

E quando o céu já se vê engolido pela escuridão, 

Salpicado de estrelinhas brilhantes, 

Todas elas delicadas e alheias à minha angústia, 

É que se desfazem as inseguranças estapafúrdias e infundadas. 

Não, não estou mais amuada. 

Abraço a noite em celebração, encontrando a gratidão.

Encerro um ciclo,

Renovo-me nas coragens, nos ímpetos e ousadias – quase tardias. 

Estreita-me a intimidade e, corada, já me encaixo 

Perfeitamente em tudo que me rodeia. 

E aquela perfeição solene,

Que eu buscava insistentemente,

É celebrada cerimoniosamente na noite vigente.

Crônica: Local apropriado.

– Desculpe. Não é permitido fotografar neste local, senhor.
– Não? Por quê?
– Porque o local não é apropriado.
– E que local é apropriado?
– Escute, senhor: aqui não pode!
– …
– A-ham, senhor. Sinto muito, mas também não é permitido fumar aqui.
– Ora, mais essa. E por que agora?
– Não é local apropriado, senhor.
– Então é apropriado para fazer o que precisamente?
– Só sei que não pode fotografar e nem fumar neste local, senhor.
– …
– Senhor, vá me desculpar, mas comer também não pode, não.
– Ah, claro… Imagino que não seja local apropriado.
– Isso mesmo, senhor. 
– … 
– Senhor.
– Sim…
– Pretende ficar aqui parado por quanto tempo?
– Por quê?
– Pois é que também não pode ficar parado neste local, senhor.
– Talvez o cavalheiro esteja me sugerindo que eu saia daqui, certo?
– Senhor, me desculpe, mas eu não tenho autorização para sugerir.

Mestre pacifista: Doutor Daisaku Ikeda

Poeta e escritor como eu, o honorável Doutor Daisaku Ikeda é um homem que, além de me inspirar, se tornou o meu mestre. É, portanto, uma tarefa imensamente prazerosa elaborar um artigo em sua homenagem.

Grande sábio religioso pacifista e filósofo, Ikeda pratica a fotografia como hobbie, registrando as paisagens e a natureza dos lugares por onde passa.

Ikeda graduou-se na Faculdade Fuji Júnior, na área de economia; é o quinto dos oito filhos de uma família muito pobre. Nasceu no segundo dia de janeiro do ano de 1928, em um Japão totalmente desestruturado, combalido por escândalos políticos e sociais que, consequentemente, enfrentava uma alta imigração. Era nesse cenário de escassez e necessidades primárias que o frágil garoto crescia. Sua família vivia do plantio, colheita e comercialização de algas marinhas. E a instabilidade econômica do país em nada ajudava no momento.

Depois de passar pela Segunda Guerra Mundial e da inimaginável catástrofe das bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki, sua família e toda a nação japonesa seguiam famintas e desesperançadas sob a opressão do exército norte americano, onde pouca liberdade e respeito podiam ser manifestados. Seus quatro irmãos foram recrutados pelo exército, um deles jamais retornou do front. Foram essas e tantas outras intensas e melancólicas experiências que fomentaram seus esforços para erradicar as causas fundamentais do conflito humano.

Além da dificuldade socioeconômica, sua juventude também foi marcada pela fragilidade da saúde, que sempre contrastou com a sua inabalável fé e busca pelo conhecimento, pois sempre se mostrou um ávido e incansável leitor.

Daisaku Ikeda contraiu uma severa tuberculose entre 1939 e 1940, que se agravou ainda mais durante o trabalho em uma fábrica de armamentos. Porém o seu destino estaria prestes a se transformar…

Eu acredito que, além do contexto místico, foi a sua própria forma de levar sua vida que acabou trazendo-o a se converter ao budismo de Nitiren Daishonin aos 19 anos, quando conheceu o então presidente da SGI, Josei Toda em uma reunião para a qual foi convidado, em 1947.

Enquanto Josei Toda palestrava para alguns convidados sobre questões filosóficas, o jovem audaz pediu permissão com grande deferência e fez três perguntas impactantes:

– Como o senhor definiria uma existência humana correta?

– Qual a sua definição para um verdadeiro patriota?

– Como o senhor encara a figura do imperador hoje?

As perguntas surpreenderam e intrigaram o mestre Toda, que respondeu firme e pacientemente todas as perguntas feitas. E a partir daquele momento, ambos iniciavam profundo vínculo de amizade e respeito. Mais do que isso, eles se tornariam mestre e discípulo. E então, satisfeito com a resposta do líder, Daisaku Ikeda pediu mais uma vez permissão para ler uma poesia que tinha acabado de produzir:

Ó viajante!
De onde vens?
Para onde vais?
A lua desce
no caos da madrugada;
mas vou andando,
antes do Sol nascer,
à procura de luz..
No desejo de varrer
as trevas de minh’ alma,
a grande árvore eu procuro
que nunca se abalou
na fúria da tempestade.
Neste encontro ideal,
sou eu quem
surge da Terra!

Aos 22 anos de idade, com a saúde piorada, Daisaku Ikeda buscou um médico que, após realizar uma minuciosa anamnese e vários exames, trouxe-lhe um sombrio prognóstico de que sua condição física não lhe permitiria viver mais do que 8 anos, sem qualquer perspectiva de tratamento. Desenganado pela medicina, ele dedicou tudo de si a cada dia, como se fosse o último.

Dois anos depois, seu mestre viria a falecer e, aos 32 anos, em 3 de maio de 1960, Daisaku Ikeda assumiu como terceiro presidente da Soka Gakkai. Quinze anos depois disso, ele avançou em seus esforços, fundando a Soka Gakkai Internacional, em 1975, uma organização não governamental filiada à ONU.

Fundador da Universidade Soka, o pacifista vem, desde a década de 1960, dialogando com grandes intelectuais e líderes mundiais em busca de alternativas concretas e soluções aplicáveis para a paz no mundo. Ikeda é um dos maiores empreendedores da paz da atualidade e, por meio das instituições acadêmicas e culturais que fundou, ele busca disseminar uma revolução do pensamento, que é a base humanística da educação Soka.

Acumula 137 títulos acadêmicos, dentre eles o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Em 2007, foi galardoado com o Prêmio Mundial do Humanismo pela Academia do Humanismo da Macedônia. É atualmente membro correspondente da Academia Brasileira de Letras. Mais de 30 institutos de pesquisa em universidades chinesas se dedicam para estudar as suas obras humanistas. Por acreditar que a educação é o principal meio para o aprimoramento individual, fundou escolas – desde o Ensino Infantil até a Universidade –, fundou instituições culturais como a Associação de Concertos Min-On e o Museu de Arte Fuji, escreveu mais de setenta livros entre ensaios, poesias e romances; e seus escritos já foram traduzidos para mais de quinze idiomas.

Além do extenso currículo, ele tem sido um incansável colaborador com o envio de propostas de paz, desarmamento, educação e meio ambiente às Nações Unidas, o que lhe rendeu indicação ao Prêmio Nobel da Paz.

Eu me converti ao budismo há sete anos e, assim como ele encontrou conexão com Josei Toda, eu encontrei no Mestre Ikeda uma luz como poucas. Suas palavras tocam o coração de seus seguidores e incentivam com sinceridade a felicidade de todas as pessoas. Toda a sua história de vida, de superação e determinação organizada, sua voz altiva e modo de viver austero nos estimulam a sermos sempre melhores pessoas possíveis. Foi lendo os seus livros que eu pude estabilizar e engrandecer grande parte da minha autoestima e por isso eu exercito diariamente a minha gratidão.  

Refletindo profundamente sobre tudo que já realizou e conquistou, ele resumiu com muita simplicidade a história de sua vida:

“Eu cumpri o juramento que fiz ao meu mestre. Eu cumpri o juramento que fiz aos meus companheiros. Eu cumpri todos os objetivos que lancei.”

Hoje, com 93 anos de idade, esse grande desbravador de horizontes superou em muito as expectativas médicas da sua juventude. Ele é o verdadeiro aspecto do significado da Revolução Humana.

“Existe uma única estrada e somente uma, e essa é a estrada
que eu amo. Eu a escolhi. Quando trilho nessa estrada as
esperanças brotam, e, o sorriso se abre em meu rosto. Dessa
estrada nunca, jamais fugirei.”
(Daisaku Ikeda)

Foto

Mt. Fuji, Shizuoka Prefecture, Japan (November 1972) – by Daisaku Ikeda.

Fontes

Quarta-feira, 18 de agosto.

Covid: 20.423.747 infectados totais no Brasil.

570.930 mortes totais.

Hoje eu acordei cedo e fui (a pé) na escola do Dante assinar o termo de aulas remotas, a matrícula e a ficha médica dele. São documentos que deveriam supostamente ser assinados no começo deste ano letivo, mas por conta de toda a situação atípica que a pandemia nos impõe tudo ficou para depois ou para quando der para fazer. As prioridades todas mudaram.

Ao sair da escola com sentimento de assunto resolvido, fui, também a pé, para o laboratório buscar os resultados dos meus exames médicos. De lá rapidamente segui andando para o consultório, onde cheguei com antecedência e tranquilidade.

A caminhada toda, desde casa até ali somou uma hora e quarenta minutos de movimento e exposição ao sol.

Na consulta médica, eu ouvi que estou ótima. Não bem, ótima (ela fez questão de frisar isso)! A doutora me parabenizou com entusiasmo e falou que eu estou melhor do que ela. Hemograma, tireóide, anticorpos, urina, mamas, útero, eletrocardiograma, pulmões. Tudo ok comigo, então! Exceto pela vitamina D, que está crítica (em níveis vampirescos) e vou ter de fazer uma reposição com suplemento. Aí aproveitei e comprei vitamina D para todo mundo aqui em casa, até para o Dante. A dele vem coloridinha e fofa em formato de balinha de goma de ursinho.

É uma semana quente e seca aqui em São Paulo em meio a um inverno que está se caracterizando pela amplitude térmica e oscilação do clima, ora seco e ora chuvoso. Para quem sai todos os dias de casa para trabalhar, é difícil saber a roupa que irá escolher.

Quarta-feira, 04 de agosto.

Covid: 20.033.038 infectados totais no Brasil. 559.880 mortes totais.

Hoje eu fui à médica. Uma nova especialidade, chamada Médico da Família, que não é muito comum em convênios médicos, e vem de um formato idealizado pelo SUS. Eu gostei bastante, pois a consulta abrange várias áreas.

Minha intenção é fazer um check-up geral pós-Covid, mas também quero atualizar meus exames endocrinológicos e ginecológicos. E a médica hoje pediu todos os exames juntos. Ela fez várias perguntas, inclusive sobre o parto do Dante. E foram essas perguntas que me fizeram lembrar de que eu, enquanto gestante, estava com hipertireoidismo e fazia esse acompanhamento através de exames da minha tireóide.

A médica da família também poderá atender o Dante e o Júlio. Vou realizar os exames na próxima semana e já marcar o retorno, com o objetivo de já encaminhar minha família para ela.

Enquanto eu tomava banho, há poucos minutos, fui lembrando do meu dia, da consulta médica, pensando no parto do Dante, nos dias em que eu fiquei internada com Covid, na fragilidade da vida em si. E lembrei das histórias que minha mãe contou, incontáveis vezes, sobre o meu parto. E se minha mãe contou essas tantas vezes, minha avó contou mais outras tantas, em outra versão.

Eu cresci ouvindo que meu parto teve complicações. Que minha mãe estava, sim, com contrações e entrou em trabalho de parto. Mas alguns exames apontaram que eu estava em sofrimento fetal (esse termo nem existia na época mas os médicos tinham unanimidade na urgência do caso).

Minha mãe disse que o médico pegou na mão dela suavemente e disse “vamos conversar um pouco”. Então minha mãe sabia que algo estava errado. Ao explicar a situação de que o líquido amniótico estava turvo, o médico pediu a permissão para o parto via cesárea. Coisa com a qual a minha mãe prontamente concordou.

Ela contou que rapidamente deitaram ela na maca e a levaram apressadamente para a sala de cirurgia. E recentemente, na última internação hospitalar dela, relembrou e descreveu como foi a sensação poucos minutos antes de eu nascer: os olhos dela passando rapidamente pelas luminárias no teto, tentando, sem sucesso, focalizar o olhar, mas tudo passava rápido demais pela retina. Aquela adrenalina, ansiedade, medo.

Meus primeiros momentos de vida já foram tão arriscados, não é? Quanta sorte eu tenho desde o início da minha história! Eu me considero mesmo uma pessoa de sorte. E pensar nessa sorte me faz ter o sentimento de gratidão. Sou grata pela vida, pela saúde e pela felicidade.

A versão da minha avó? Ela falava maliciosa e maldosamente sobre como o meu pai não esteve presente no meu parto. Minha mãe suaviza e corrige, dizendo que ele “apenas” dormiu na sala de espera. A interpretação do que realmente aconteceu envolve não apenas o ouvido, mas o moral e o sentimento. Nesse caso, estou mais para o lado da vó. Quem consegue dormir em uma situação tão limítrofe? É mesmo porque não se importa, em minha análise.

Pós-Covid

Casos de Covid no Brasil até hoje: 16.911.134 infectados totais no Brasil. 472.787 mortes totais.

Eu contraí Covid! Entrei para a temida estatística.

Na manhã do sábado dia 22, quando a minha mãe foi fazer um procedimento médico eletivo em uma unidade hospitalar, ela realizou o teste de Covid como protocolo, preventivamente, e o resultado foi positivo.

Por precaução, eu fiz também o exame, também com resultado positivo.

Sem ter o que fazer e ainda me sentindo muito mal, eu tomei dipirona e dormi na minha cama, certa de que seria suficiente para recuperação, da mesma forma que foi para o Júlio. Àquela altura, ambos sabíamos que as chances de ele estar também contaminado eram altas, mesmo tendo realizado duas vezes o exame com resultado negativo (no terceiro teste, inconclusivo, ele apenas podia elocubrar as possibilidades.

Dois dias depois, eu decidi ir ao hospital pois estava com alguma dificuldade para respirar e um cansaço fora do normal. Beijei rapidamente filho e marido e disse “volto logo”. Mesmo com o grande mal estar, era estranho e difícil identificar se aquilo era uma falta de ar. Acreditei que iria fazer um exame, receber medicação e ser liberada para casa. Porém, acabei sendo internada com urgência na UTI, passando apressadamente pela triagem.

O atendente da triagem foi medindo temperatura, pressão, saturação… Eu perguntei como estava a minha oxigenação. Ele respondeu: “não tá boa, não”. Então, rapidamente ele chamou o segurança com a cadeira de rodas.

Tudo aconteceu tão rápido: fui entrando em pânico deitada na maca e sendo levada às pressas para o leito. Antes de me liberar para a UTI, o médico que me atendia, falando rápido, explicou a situação, com saturação baixa, todo quadro infeccioso no pulmão e outros detalhes assustadores. “Você tem alguma dúvida?”, ele perguntou. E então, com medo pronunciar as palavras, eu indaguei “eu vou ser intubada, doutor?”

Ele disse: “não”, tentando me tranquilizar.

Naquele momento eu cogitei se ele estava me poupando de uma dura verdade. Será que ele estava mentindo pra mim? Tive pavor de não poder ver meu filho novamente. Eu ficava constantemente olhando o monitor enquanto meus números de referência apareciam ali. A enfermeira me disse: “vai ficar olhando toda hora os números, vai ficar com torcicolo. Se acalme”. O tom de brincadeira e suavidade que ela usou até que serviu para me acalmar…

Então, troquei mensagem com o Júlio:

– Vou internar para receber oxigênio e antibiótico, fazer tomografia.

– O que o médico disse? Será UTI, ou quarto normal?

– UTI, amor. covid. Ele falou que eu tô nervosa.

– Sim, se acalme e repouse

– Sim. A oxigenação tá em 95 já eu vou ficar bem. Depois mando notícias. Te amo.

– Também te amo.

Quase que imediatamente eu comecei a fazer daimoku mentalmente, dissipando a dúvida no meu coração, pois eu não tinha fôlego nem para falar, então ia mentalizando daimoku sem parar…

Era difícil demais respirar. Mas a mente estava ativa! Eu fazia daimoku em silêncio e determinei que eu iria viver!

No meu pensamento surgiu a frase de Nitiren Daishonin: “Sofra o que tiver que sofrer, desfrute o que existe para ser desfrutado, considere tanto o sofrimento como a alegria como fatos da vida e continue orando, não importa o que acontecer, e então experimentará a grande alegria da Lei.”

Então, eu lembrei que cada oportunidade de fazer daimoku é digna de grande sorte. E eu ali, solitária, no hospital, eu segui realizando daimoku incessantemente, sem retroceder um segundo sequer e acreditando na lei mística. Acreditei a cada segundo que eu iria vencer infalivelmente. Acreditei que eu iria voltar para casa e ver meu filho! Abraçar meu filho! Ver meu filho crescer.

Eu entrevistei os enfermeiros e auxiliares. Alguns até começavam a desabafar sem que eu nem precisasse perguntar nada. Teve uma auxiliar de enfermagem que disse que a parte mais dura do trabalho dela é dizer pra um paciente que vai ficar tudo bem quando não vai. Disse que corta o coração. Engoli seco sem responder nada a ela.

Eu falava com o Júlio para atualizá-lo de cada pequena novidade:

– Já tô instalada na UTI. Vou ter de fazer xixi na cumadre. A enfermeira falou que vou ter que ficar “alguns dias”. Ninguém aqui no meu andar está intubado, estão todos acordados.  – Espero que continue assim.

– Faz daimoku, amor, pra eu sair logo…

– Eu já fiz e vou fazer mais. Você está se sentindo como?

– Normal. Oxigenação tá 96. O oxímetro de relógio não funciona, pois eu cheguei ao hospital com saturação 88 e o relógio mostrava 97. Tomei Decadron e Rocefin. 

– Dormiu um pouco?

– Não consegui dormir ainda. Não é pra falar pra minha mãe que eu to aqui. Ela não precisa dessa preocupação agora.

Havia noites em que eu passava de 39 graus de febre, muita tosse, desconforto, dificuldade para puxar o ar e respirar, náusea, vômito, intenso sangramento nasal, dores absurdas! A preocupação com o risco de intubar e com o risco de trombose era imperativa. Nenhum desses momentos eram impedimento para meu daimoku. Pelo contrário. Era aí que eu orava com mais força!

– Bom dia, amor. Estou com 39º de febre. Tomei um anticoagulante, antibiótico, remédio pro estômago, pra febre, tô um pouco melhor. Devo ficar 7 dias pra tomar todo o antibiótico

– Bom dia. A médica disse que temos que aguardar exames pra saber se seu quadro está melhorando ou não, mas que você não tem risco de intubação. E que por enquanto você deve ficar aí.

Em determinado momento, acho que na quarta noite na UTI (estava difícil mensurar o tempo ali, pois cada hora parecia uma eternidade), a saturação caía um pouco quando eu dormia. Então, os enfermeiros me acordavam quando eu adormecia. Foi bem cansativa e longa a madrugada. Eu tive novamente medo de ser intubada.

A médica me deu um Rivotril pra eu dormir, aí eu puxei o cobertor. Fez frio essa noite. Eis que às 4 da manhã o enfermeiro vem tirar meu cobertor ao ver que eu tô com 39 de febre…. Ele foi todo jeitoso mas eu acordei assustada e não dormi mais. Aí deu vontade de vomitar… Mas depois de todos os remédios tô melhor… Fiz a fisioterapia pra fortalecer o pulmão… Fica um gosto estranho na boca não sei porquê. Talvez os remédios ou catarro.

Continuando a conversar com o Júlio, eu falava de outros assuntos:

– O médico da minha mãe me falou que ela também não vai intubar.

– Que bom! Boa notícia.

– Depois quero falar com o Dante. Amor, lembra de regar as plantas.

– Ok, eu rego.

Nas noites boas, em que eu dormia mais horas seguidas, acontecia uma coisa bem bizarra. Ao abrir os olhos, tudo estava verde, como se uma luz daquela cor estivesse iluminando todo o ambiente. Esse fenômeno durava cerca de dez segundos, e então a imagem e a minha visão iam voltando ao normal, com a cor natural do ambiente.

Além disso, tudo tinha gosto esquisito. Fui tentando comer o máximo possível.

Estavam presentes, além do desconforto físico, a solidão e a tristeza. Eu nunca havia ficado tanto tempo longe do Dante. Não conseguia nem ver foto dele que eu chorava. Várias mensagens dos amigos, da família, o daimoku eram minha resposta. Eles eram a minha luz nas horas mais sombrias.

Acordei o Júlio com uma mensagem logo cedo:

– Fiz um raio-X agora. Tem um exercício de fisioterapia que consiste em uma máscara que libera grande quantidade de vento por 1 hora. Tem que fazer 2x por dia. Aí o braço apertou pra medir a pressão bem na hora do exercício e ainda teve o RX bem nessa hora. Tudo junto e muito desconfortável. Eu tô muito cansada e solitária. É claustrofóbica essa máscara.

– Eu imagino. Você está com olheiras.

– Dormi pouco. Vou pedir outro Rivotril.

– Tiramos o lixo, estou me sentindo cansado mentalmente. Como você está aí?

– Com muito sono. Tô com medo de dormir e perder oxigenação. Não dormi muito bem essa noite. Mudaram o cateter de oxigênio para um de calibre mais grosso, que eles chamam aqui de alta capacidade. Pois quando eu durmo, a oxigenação baixa. Eu percebi que tava com o nariz entupido, foi só pingar soro e assoar que tá 92. Como você está se sentindo?

– Acordei muito bem. Ontem antes de dormir fiz 15 minutos de Daimoku e o Dante quis dormir no colo. E depois da oração me senti leve e saudável e relaxado. Fazia tempo que não me sentia assim…

– Que bom, amor. Eu preciso de vocês dois saudáveis para mim.

– Dante está aqui dormindo bem gostoso.

– Saudades…

– Eu também… Acho vou dormir mais um pouco…

Conforme os dias foram passando, eu sentia que ia me recuperando lentamente. Eu já conseguia fazer chamadas de vídeo com o Dante e já não estava mais pesarosa. E falava com esperança e planos para o futuro.

Eu orava pelo Júlio, que estava já recuperado com seus devidos anticorpos em casa e podendo cuidar do Dante, dos gatos, das plantas, da casa. Tive gratidão pelo emprego do Júlio, do chefe tão compreensivo dar licença para ele poder cuidar de tudo na minha ausência. Também agradeci a boa sorte de ter um convênio tão bom em um hospital de excelência em atendimento e hospitalidade.

– Bom dia, amor.

– Bom dia, more. O Dante perguntou: “Papai, qual seu carro favorito?”. “Lamborghini”, eu respondi. E ele perguntou depois: “Qual que é a “LamborghiMe”? Me mostra no seu “celulai”. Mostrei e ainda mostrei que as portas abrem pra cima. Ele pirou e comprei um de brinquedo para ele.

– Que lindo!

– A médica ligou e falou sobre a sua troca de oxigênio para a alta capacidade, além da sua piora na oxigenação.

– Mas devemos nos preocupar? Eu preciso estar relaxada e não posso passar nervoso! Agora fiquei ansiosa! Estou com 91 de oxigenação agora!

– Ela falou que você está cooperativa na fisioterapia.

– Essa fisioterapia é difícil. Agora bateu 93 o oxigênio!

Eu orava pela minha mãe do outro lado da cidade, em outro hospital, com alto risco de ser intubada. Ela não saía do meu pensamento. Pela saúde dela, pela sua recuperação, eu orava. Teve alguns dias até em que eu consegui falar com ela por videochamada. Suavizou um pouco a saudade dela.

Os dias passavam e minha força voltava, fui aos poucos sendo desmamada do oxigênio do cateter, que me deu suporte desde o primeiro minuto de estadia no hospital. Psicologicamente foi assustador aprender a respirar de novo por conta própria.

– Amor, minha febre baixou pra 36,1 e não precisei de tylenol essa tarde. Minha saturação está 96. O médico disse que está gostando de ver a forma como eu tô respirando. Me animei bastante aqui também. E a minha mãe está sendo transferida para outra unidade da Prevent Senior. Mas a boa notícia é que só quem está bem, em recuperação ou bastante estável será transferido. Ou seja, o quadro clínico dela está bom o suficiente pra transferência!

– Sim. Ótimas notícias!

A cada conquista, minha a gratidão só aumentava. Eu nunca imaginei que caberia tanta gratidão no meu coração. Eu passei a fazer daimoku pelos pacientes ao meu lado, que estavam em bem piores condições que as minhas. Alguns estavam até intubados. Eu orava para que todos pudessem sair da UTI também e reencontrar suas famílias.

– Oi amor. Voltou para 38º a febre.

– Como você está se sentindo agora?

– Acabei de fazer a fisioterapia. É bem difícil.

– Você sente uma melhora depois da fisioterapia?

– Sim, uma expansão pra respirar.

– Que bom! Muita gente está em oração para vocês melhorarem!

– Eu sei. Eu também tô orando muito. Cuida do Dante. Eu volto logo. Eu amo vocês.

– Estou cuidando sim claro. Também te amamos. Dante fez a recitação ontem comigo pra você voltar logo pra casa.

– Fofo. Eu não quero nem ver foto dele que eu choro.

Eu também orava pelos enfermeiros e médicos, e auxiliares e as cozinheiras do hospital que cuidaram tão dedicada e humanisticamente de mim. Ah, eu fazia um esforço danado pra comer! Era tão difícil com aquela náusea!

Os dias passaram, e eu fui respondendo bem ao tratamento, lutando para respirar depois de oito longos dias na UTI, recebi alta para o quarto, onde fiquei 2 dias antes de ser liberada para casa.

Finalmente eu saí do hospital! Que alívio estar novamente em casa. Eu já nem estava mais me questionando como foi que contraímos o Covid. Nós praticamos isolamento e nos cuidamos com todos os protocolos de máscara e álcool. Simplesmente aconteceu. É um vírus perigoso ao qual estamos todos suscetíveis. E isso me deu a oportunidade de transformar o veneno em remédio. De orar e intensificar ainda mais a minha fé.

Ao chegar em casa, eu me ajoelhei e abracei o Dante. Eu apertava os braços e pernas dele, percebia como ele havia crescido. Ele ficava segurando meu rosto com a mãozinha dele…

Acho que depois de uns 8 abraços, beijoquinhas no nariz, pescoço, orelha, barriga, eu peguei o Anakin e afofei ele ali mesmo ajoelhada no chão. Só depois eu levantei com a ajuda do Júlio e abracei ele: “Que barba grande, como você está lindo, amor!”, comentei enquanto acariciava o seu rosto… Aí chorei mais uns minutos abraçada nele.

Essa experiência toda nos mudou completamente, física e emocionalmente.

Os remédios que eu tomei, que eu me lembre, pois eu sempre perguntava, eram antibiótico Rocefin, que custou aproximadamente R$ 1400,00 cada dose, tomei corticoide Decadron, Prednisona, Codeína xarope expectorante, anticoagulante, remédios diversos pra dor, outros tantos para proteger o estômago, um deles chamado pantoprazol, também o próprio oxigênio… Se não fosse o convênio, acho que no particular meu tratamento sairia por bem mais de R$ 60 mil reais, contando com a internação e outros custos adicionais.

Ainda tenho várias marcas de hematomas das injeções de anticoagulantes aplicadas na barriga.

Juro! Se algum médico viesse me oferecer cloroquina ou ivermectina, eu mandaria enfiar em outro lugar. Claramente o Hospital São Camilo, onde eu fiquei internada, segue a linha coerente da ciência. Fui muito bem atendida e medicada.

Agora, em casa, eu sigo fazendo minhas tarefas em bem menor ritmo. Sinto, porém, bastante cansaço com coisas simples, como escovar os dentes, tomar água, lavar alguns pratos… Ficar abaixada, agachada ou levantar peso? Impossível ainda!

Segunda-feira, 4 de janeiro, 2021.

COVID: 7.759.048 infectados. 196.669 mortes. 305 dias de isolamento.

Que dia tenso, triste, decepcionante e exaustivo. Foi uma batalha com o Dante, uma medição de força e provocação, com rompantes de raiva e muito choro. Pouca negociação e muita birra. Minha vontade era fumar um cigarro e abrir um vinho, mas a dieta recomeçou ontem e essa vontade vai ter de esperar até sexta-feira. Eu cheguei à conclusão que fazer dieta e passar fome é mais fácil do que fazer a manutenção de uma criança com birra em pico de crescimento. Até porque o controle da fome é apenas um lado de energia direcionado. A dinâmica mãe e filho tem duas energias em confronto e ajuste.

O problema especificamente desta celeuma toda começou ontem quando o Dante afundou o dedo indicador no meu mamilo como se fosse uma campainha de uma casa. Nem doeu tanto, mas tem me incomodado essa fixação dele com meu peito. Já faz um ano e 7 meses que ele desmamou. E sempre ele tem a mania de pousar a mão sobre o peito quando dorme no meu colo, mas essa provocação deliberada e violenta teve sua primeira vez. Briguei com ele ontem, expliquei que não tem mais mamá, não é certo mexer no peito da mamãe e eu fico triste. E hoje, depois do almoço, incorreu na mesma atitude agressiva e provocativa. Aí pronto! Está sem celular, castigo, vai pro seu quarto! Chora. Conversa, acalma, toma água. Volta a brincar, pede celular… Só devolvo se prometer se comportar. Pediu desculpas e prometeu nunca mais apertar meu peito. Te amo, também te amo. Começa a fazer cócegas no meu pé. Avisei que não gosto. De novo, e de novo, provocando. Vai pro seu quarto, de novo, choro, novo ciclo, raiva, decepção, cansaço. Quero colo, não quero te dar colo agora. Choro, chora… Passa um pouco do tempo, acalma… Pediu para ver vídeos no notebook. Não! Só amanhã. Bateu em mim depois da negativa… Mais um ciclo de choro e berros. Júlio está trabalhando, o dia todo, em reunião, tento não gritar. Tento me acalmar. Não quero brincar, não tô no clima, brinca sozinho. Não quer… Exige tanta atenção que eu choro. Quero sair correndo dessa casa e parar só quando chegar no mar. 

Hoje eu também fiquei extremamente abalada com toda a novela da vacina. As disputas entre os governos estaduais e o Federal. Os laboratórios particulares fazendo suas próprias negociações e buscando estoques de agulhas, seringas e doses que, dizem, talvez custem até dois mil reais cada aplicação. Se são duas duas doses numa família de 3 pessoas, são 12 mil reais para imunização válida por um ano. 

Fora todo esse estresse, também as notícias sobre as aglomerações nas praias durante as festividades de ano novo, incluindo o próprio Jair Bolsonaro, que no dia primeiro de janeiro nadou na Praia Grande, saltando de um barco, cercado por seguranças e pelos idiotas que votaram nele. Cena ridícula e irresponsável. Plena pandemia, todos sem máscara, sem cuidado. Um horror. 

Agora, à noite, tudo está mais calmo. Eu conversei com dois amigos muito queridos pelo whatsapp e uma delas até me indicou uma psicoterapeuta. Acredito que seja um bom momento para iniciar uma terapia.Por Revista Fórum: Miguel Nicolelis prega lockdown nacional imediato: “Ou não daremos conta de enterrar os nossos mortos”. Considerado um dos maiores cientistas do mundo, o brasileiro citou o lockdown decretado pelo governo inglês para fazer um apelo ao governo brasileiro: “Acabou!”.

Ano novo, tudo de novo…

Sexta-feira, 01 de janeiro de 2021. 

7.679.688 infectados.

195.052 mortes

302 dias de isolamento.

Hoje foi realizado pela BSGI o Encontro familiar com Ikeda Sensei. Gongyokay de Ano Novo e aniversário de 93 anos do mestre. O evento foi transmitido pelo Youtube e preencheu meu dia com alegria e energia. Depois de comemorar a passagem do ano de forma bem diferente, foi realmente bom iniciar o ano assim.

Dia 29 eu fui para a casa da minha mãe e fiquei lá até ontem de tarde. Fizemos, então, uma mini cerimônia de ano novo, eu, ela e o Dante. Teve espumante, lichia, nozes e uma longa partida de Buraco. Ela ficou muito feliz por compartilhar esse momento com o neto. E foi bom para mim também, pois foi uma semana densa para mim… Afinal, o segundo ano da era Bolsonaro teve dois dias seguidos com mais de mil mortes por Covid. Dia 30 foram 1216 mortes e ontem foram 1044 mortes no Brasil. Segundo dados da universidade americana Johns Hopkins, o mundo bateu o recorde de mortes no ano com mais 15.518 óbitos, na última terça-feira (29). E a descoberta de uma nova cepa do vírus está tirando o sono da gente.

Deixando momentaneamente de lado a tragédia, era momento de reencontro: Conversamos tanto, eu e minha mãe! Ela sempre tem essa mania de recontar velhas histórias, mas desta vez ela contou coisas que eu nunca tinha ouvido antes. Falou muito da infância dela e me descreveu como era o quarto que dividia com as duas irmãs: A porta passava por dentro do armário embutido, que preenchia toda a parede. Três camas, três móveis com gavetinha para o abajur, e um anjo pendurado na parede. Um anjo azul e grande, com detalhes prateados. Enquanto ela falava eu visualizava mentalmente, passeando pelas memórias dela. E acabei lembrando de um anjinho de cerâmica muito bonito que minha mãe mantinha no nosso quarto quando eu era criança, talvez até repetindo a tradição que ela mesma tinha na infância dela. E desse nosso anjinho eu lembro muito bem! Ele não tinha mais que dez centímetros e era uma pequena escultura muito detalhada, que lembrava um estilo renascentista, pintado todo com a cor marrom claro. Ficava pendurado em um pequeno prego, no canto do quarto, acima da porta. Certa vez, em uma das faxinas que nós fazíamos, eu decidi pegar o anjinho para tirar o pó, já que nunca havia feito isso e imaginei que precisava de uma limpeza… Porém, para minha surpresa, o anjo totalmente sem pó. Foi um momento místico e inesquecível de uma memória compartilhada com meu irmão e minha mãe. O anjo que não pega pó acabou sendo adicionado na mitologia das histórias da minha infância. Ele permanece até hoje na casa da minha mãe.

Depois de dois dias na casa da minha mãe, com muito acolhimento e nostalgia, era hora de voltar para casa e preparar mais uma mini ceia, desta vez apenas para mim, meu marido e filho. Eu percebi que era o primeiro ano que eu iria passar com o meu gato, já que nos outros 4 anos de vida dele, eu saía ou viajava, deixando-o sozinho em casa. A sorte é que o Anakin não tem muito medo dos fogos. E nessa segunda cerimônia de passagem de ano, o cardápio foi camarão! Depois, nós pegamos o futon e cobertores para acampar na varanda, preparando para ver os fogos de artifício no céu. Abrimos a espumante, felicitamos alguns vizinhos que também estavam nas janelas, e aproveitamos o espetáculo. O Dante ficou encantado demais com as luzes das “explosões bonitas coloridas”. Pois foi assim que nos despedimos deste 2020, que foi um ano muito diferente, pesado… Um ano de reflexão, pesar, luto, luta, amor, contentamento, aprendizado, revolta e transformação. Meu desejo é que tenhamos tempos mais suaves diante de nós! Feliz Ano Novo. Feliz Ano Todo.

São Paulo, 15 de dezembro de 2020. Terça-feira.

285 dias em isolamento. 

6.977.796 casos totais de contaminação por Covid.

182.925 mortes totais desde o início da pandemia.

915 mortos em um único dia! Segundo pesquisa do Datafolha, 22% dos brasileiros informaram que não pretendem tomar a vacina contra o Covid. Enquanto isso, o Bolsonaro deu entrevista ao Datena na Band declarando que não vai tomar vacina “e ponto final”. Disse ainda que quer obrigar as pessoas a assinarem um termo de responsabilidade. Depois de repetir a palavra hidroxicloroquina pelo menos oito vezes dentro de um período de trinta minutos, ele também falou que não confia no Datafolha e que pretende entrar com pedido de liminar para restabelecer o voto impresso para as eleições de 2022, já declarando que vai, sim, se reeleger. 

Por Eduardo Suplicy: Cumprimento o ministro Edson Fachin, do STF, por ter suspendido a decisão do presidente Jair Bolsonaro de acabar com a alíquota de importação  de armas. Em abril deste ano, o presidente assustou a nação ao afirmar que deseja armar todo povo brasileiro. Fachin alertou para “a gravidade dos efeitos potencialmente produzidos pela medida que pode gerar aumento dramático das armas de fogo.” Disse que “o Estado deve diminuir a necessidade de armas de fogo, e não o contrário.” Bolsonaro precisa aprender que a criminalidade decorre da gravíssima desigualdade social do país e que muito mais eficaz será implementar medidas como a Renda Básica de Universal para garantir o sustento de toda a população. 

Por Joaquim de Carvalho: Agente da Abin que orientou defesa de Flávio sobre como anular processo era segurança de Bolsonaro no dia da facada… A defesa de Flávio Bolsonaro recebeu, efetivamente, informações e orientações para obter junto ao Judiciário a nulidade do processo em que o senador é acusado de comandar uma organização criminosa para desviar recursos públicos e lavar dinheiro ilícito… O servidor que teria encaminhado as mensagens é Marcelo Araújo Bormevet, que é agente da Polícia Federal desde 2005. A relação de Bormevet com a família Bolsonaro é anterior à eleição de 2018. Ele estava lotado na Polícia Federal em Juiz de Fora no episódio da facada, em 6 de setembro, e fez parte da equipe de segurança de Jair Bolsonaro… A ida de Bormevet para a Abin parece se enquadrar no cenário descrito por Gustavo Bebianno no programa Roda Viva, no último mês de março… “Um belo dia, o Carlos me aparece com um nome de um delegado federal e três agentes, que seria uma Abin paralela, porque ele não confiava na Abin. O general Heleno foi chamado, ficou preocupado com aquilo, mas o general Heleno não é de confronto, e o assunto acabou ali com o general Santos Cruz e comigo, nós aconselhamos ao presidente que não fizesse aquilo de maneira alguma, porque, muito pior que o gabinete do ódio, aquilo seria também motivo para impeachment”, contou.

São Paulo, 13 de dezembro de 2020. Domingo.

282 dias em isolamento. 

6.904.618 casos totais de contaminação por Covid.

181.485 mortes totais desde o início da pandemia.

Hoje eu pintei os meus cabelos com uma cor diferente da usual. Foi para um tom mais massala, próximo do roxo ou rosado escuro. Eu gostei do resultado e até anotei o código da cor. Talvez possa ser um novo padrão: ano novo, cabelo novo. 

No próximo sábado o meu cunhado e minha sobrinha vão vir aqui em casa para uma mini celebração de Natal adiantada. Estou ansiosa para vê-los. Vai fazer quase um ano que não nos encontramos. Para o final de semana do Natal, os planos permanecem simples, e teremos uma mini ceia apenas com a minha mãe, também aqui em casa. E o “Ano Novo” será celebrado no dia 09 de janeiro, na casa do meu irmão. Parcelando assim os eventos e encontros fica um pouco mais seguro e é uma forma de evitamos aglomerações. 

Hoje falando via whatsapp com uma amiga (de classe média, que estuda, trabalha e tem certo nível cultural) que se mudou para uma cidade próxima, fiquei chocada com a postura dela diante da atual situação de pandemia. Disse que está saindo de casa, sim, porque não aguenta ficar trancada, não. E que não vai tomar a vacina da China por medo. Mas disse que estão todos saudáveis e bem em casa. É grande sorte a dela e da família estarem todos bem com essas atitudes tão temerárias. Pois não é agradável para ninguém se privar de liberdade: é uma questão de consciência, responsabilidade e cidadania. A falta de informação ou informação manipulada insere também esse preconceito e receio infundados na população, de que a vacina chinesa é ruim ou ineficaz. 

Ontem eu li algumas notícias que pincelaram um certo pavor em meu coração. O Presidente Bolsonaro, em um curto discurso que fez quando visitou a base da Marinha para uma formatura, disse que é para o povo não entrar em pânico e que “a liberdade não tem preço, ela vale mais que a própria vida”, referindo-se novamente ao fato do isolamento e incentivando as pessoas a saírem de casa porque a crise já está no “finalzinho”. Quando alguém pede que você não entre em pânico, há motivo para entrar em pânico. E motivos, realmente, não faltam. “Ainda estamos vivendo um finalzinho de pandemia. O nosso governo, levando-se em conta outros países do mundo, foi aquele que melhor se saiu, ou um dos que melhor se saíram no tocante à economia. Prestamos todo os apoios possíveis a estados e municípios. O auxílio emergencial foi diretamente na veia, diretamente na conta de 67 milhões de brasileiros, que precisavam realmente disso aí. Isso fez também movimentar a economia  de estados e municípios”, disse o Presidente.

Ontem o Ministro do STF, Ricardo Lewandowski, informou que o Ministro da Saúde, Eduardo Pazzuello (o terceiro ministro da pasta somente neste ano de 2020) tem 48 horas de prazo para informar a data de início e fim da vacinação contra Covid-19.

Por DW Brasil: O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, aliado do presidente Jair Bolsonaro, disse nesta sexta-feira (11/12) que o governo federal vai publicar uma medida provisória (MP) visando a centralização e a distribuição igualitária das doses de vacina contra a covid-19 entre os estados.

Segundo o político do DEM, a informação veio do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, que esteve em visita a Goiânia nesta sexta-feira. Caiado afirmou que, com a medida, o governo federal poderá confiscar vacinas importadas ou produzidas no país, como a Coronavac, desenvolvida pela empresa chinesa Sinovac e que começou a ser fabricada em São Paulo pelo Instituto Butantan nesta semana.

No momento, o governo federal vem travando uma disputa com o governo de São Paulo pelo protagonismo da aplicação de vacinas, numa queda de braço que já rendeu a Bolsonaro acusações de tentativa de sabotagem dos esforços paulistas. 

Hoje eu recebi a seguinte mensagem via whatsapp: Quer saber a verdade?  …  A “vac!n@” que quase todos os governos do nosso planeta estão a aceitar é o chamado “mRNA”, que circula pelo sangue até encontrar um receptor de enzima [ACE2] que existe principalmente nos testículos, nos ovários e  muito pouco na mielina dos neurônios.  O “m” é para mensageiro, através do receptor, o RNA penetra na célula e nela reescreve seu código genético .  A célula deixa de servir  para aquilo   que a natureza a criou, serve apenas para criar o que os laboratórios projetaram para o RNA.  Teoricamente “defesas”. O resultado dessa vacina será que, em curto prazo 97% dos homens inoculados ficarão estéreis. Se forem crianças pequenas, nunca desenvolverão características sexuais secundárias.  Serão crianças andróginas, sem desejo sexual e provavelmente muito  mais manejáveis ​​e obedientes do que alguma vez os nossos ancestrais foram, ou mesmo do que nós mesmos.  Por outro lado, 45% das meninas serão estéreis, ou seja, não poderão conceber filhos.  O dano neural, por outro lado, afetará parte do seu córtex frontal “a frontex” Sim,  poderá trabalhar e também dirigir um carro, mas não será capaz de pensar profundamente.  Escravos perfeitos do Novo Normal … da Nova Ordem. !! É a FASE 3 do plano, a finalização do projeto do EVENTO 2001. A FASE 1 era para assustá-lo, isolá-lo e prendê-lo com um vírus que, como causa única, matou apenas uma pequena percentagem de pessoas em comparação com a população mundial. Muito menos do que a gripe do ano passado, A FASE 2 era para o  fazer usar uma máscara grotesca e inútil que não só despersonaliza como também te priva do oxigênio necessário para os  pulmões e sangue … em suma, para respirar corretamente … E por tão pouco, perdeu seu emprego, seu parceiro, seus  pais, seus filhos, … seus afetos. FASE 3, Já está desesperado e quer acabar com tudo isso de uma vez por todas… Até já pede a Vacina. Vão te dizer que eu minto, …  Pergunte: o que  contém a vacina? Vão responder que por lei nem os médicos podem saber. Segredo.!!!  Será que não tem maturidade para conhecer, confiar no seu governo, nos média, na OMS e nos funcionários assalariados de George Soros e Bill Gates. Eles dirão que os laboratórios são responsáveis, mas por lei você não poderá reivindicar a ninguém.  Vejamos, quando “as bolas” secarem, você só terá que chorar pelo que sobrou delas. Sabe que nunca poderá ter filhos ou netos, que nunca verá seu filho porque não poderá ser pai, também não terá cérebro para pensar nisso … porque terá sido lobotomizado. A oposição”? Não quero deixá-los amargos, mas 90% dos partidos nas democracias ocidentais, mesmo no terceiro mundo, recebem dinheiro da “Sociedade Aberta” de George Soros, da Fundação Bill e Melinda Gates, da Fundação Ford,  mda Fundação Rockefeller, do Partido Comunista Chinês por meio de seu homem de frente, o investidor Ming Wai Lau. Quem  te vai dizer a verdade?  pessoas como Dra. Roxana Bruno, Dra. Chinda Brandolino ou Dr. Heiko Schöning, aqueles de Doutores pela Verdade, Advogados pela Verdade, Professores pela Verdade.Desligue a TV, queime o focinho, respire, saia para abraçar seus pais, abrace a liberdade, não deixe nenhum médico que não seja a verdade te tocar, nem nenhum advogado que não seja a verdade te aconselhar sobre o assunto. Só assim , a Ditadura da Saúde Global da Nova Ordem Mundial entrará em colapso e vamos acordar de uma vez por todas deste pesadelo terrível. Além de que, esta completamente ligada à 5G futura 6G.” 

O que eu penso quando recebo uma fake news dessas: que manipulação intensa da massa de forma é feita com método, é organizada, e é um horror, porque funciona, e gera o ódio, a desinformação, a estupidez e, finalmente, a morte.

Eu gostaria muito de saber como denunciar a pessoa que repassou isso, ou avisar ela que está sendo usada para manobra e pedir para denunciar a fonte do envio (que deve ser um dos robôs do Carlos Bolsonaro provavelmente). Não por acaso, a família Bolsonaro está tentando boicotar a entrada da Huwaei no leilão da Anatel aqui no Brasil alegando que eles estão espionando a população brasileira. Huwaei é uma empresa chinesa e é atualmente a única que pode trazer tecnologia 5G pro Brasil hoje com qualidade. Nunca foi provado nenhum indício de invasão de privacidade aos dados dos clientes da empresa ou qualquer ato de espionagem. 

São Paulo, 09 de dezembro de 2020. Quarta-feira.

278 dias em isolamento. 

6.733.015 casos totais de contaminação por Covid.

179.097 mortes totais desde o início da pandemia.

Por Maíra Termero (jornalista): isenção de imposto para armas, insistência na estratégia falida de mandar polícia pra cima da cracolândia, testes vencendo em estoque enquanto casos e mortes sobem, o preço dos alimentos nas alturas, os aluguéis à beira de um pico, um presidente inaugurando exposição de roupa, precarização e descaso para todos os lados, abandono de estrutura esportiva para construção de um shopping, desinformação e estupidez nessa “guerra da vacina”, desinformação na situação da pandemia, uma discussão tristemente polarizada sobre a volta às aulas dos pequenos, uma discussão rasa num tema sério como as políticas de saúde mental, um presidente que, bem, nem vale a pena listar, uma polícia que continua matando impunemente, bala “perdida”, milícias, o Rio, gente, o Rio… olha, quem não está deprimido nesse país está desinformado.

Por Reuters: O ano que vem está assumindo os contornos de uma catástrofe humanitária, e os países ricos não devem atropelar os países pobres em uma corrida por vacinas para combater a pandemia de coronavírus, disseram hoje autoridades de alto escalão na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU).

Por TV 247: Lei aprovada na pandemia permite vacinação sem registro da Anvisa. A apelidada “Lei Covid” (n° 14.006/de 28 de maio de 2020) permite o uso da vacina no Brasil se o imunizante tiver o aval de uma agência sanitária no exterior, sem depender de uma aprovação nacional. 

Por fonte anônima via Facebook: “PAREM DE CRITICAR O BOLSONARO E MOSTREM AS COISAS BOAS QUE ELE JÁ FEZ.

01. Subiu o salário mínimo de R1.198,00 para R$ 1.045,00;

02. Abaixou o preço da gasolina de R$ 2,80 para R$5,00;

03. Abaixou o GLP de R$ 45,00 para R$ 80,00;

04. Prestigiou os patrões com a retirada dos direitos trabalhistas dos empregados;

05. Prestigiou os trabalhadores dando a oportunidade de trabalhar 40 anos para se aposentar;

06. Prestigiou os miseráveis na reforma da previdência passando o valor assistencial de um salário mínimo para R$ 400,00;

07. Prestigiou os trabalhadores à negociar o seu salário com o empresário e trabalhar aos sábados e domingos, sem direito a descanso semanal, vale transporte, vale alimentação, férias e 13° salário;

08. Diminuiu a mamata dos militares, magistrados, procuradores e políticos com um aumento substancial de 41% nos vencimentos;

09. Tirou a mamata dos banqueiros repassando de crise em crise bilhões e trilhões de reais do tesouro;

10. Defende o trabalhador jogando-o à própria sorte na ‘guerra contra a Covid-19’ para que o patrão não fique sem os lucros.

11 – Protegeu a sua família, sumindo com o Queiróz e o miliciano Adriano.

12 – Ajudou a agricultura brasileira, popularizando o laranjal, a goiabeira e a bananinha.

13 – Conseguiu reduzir o valor do dólar de 2,50 para 5,50.

14 – Nomeou ministros altamente preparados, inteligentes e lucidos como Ricardo Salles, Weintraub, Damares e Ernesto Araújo.

15 – Aumentou o prestígio internacional do Brasil, que virou piada nos principais jornais do mundo.

16 – Montou um eficiente Ministério da Justiça que demorou para achar o Queiróz, quem mandou matar Marielle, quem lançou petróleo no mar, o conteúdo dos celulares do miliciano Adriano, a origem dos 7 apartamentos de luxo do filho zero um, quem financiou as fakes news que ajudaram eleger o “Minto”…..

17 – Popularizou o termo “Golden Shower”

18 – Demitiu 2 Ministros da Saúde em plena pandemia e colocou um paraquedista no lugar deles.

19 – Dá receita de um remédio cujos estudos não comprovam eficácia como se fosse médico.

20 – Anda distribuindo cargos para o centrão, e fazendo aliança com bandido condenado. O famoso toma lá, dá cá!

21 – Deixou de vetar trechos considerados “chave” do projeto anticrime do próprio Ministro da Justiça para proteger seu filho 01.

22 – Foi contra a CPI da Lava Toga, juntamente com seu filhote 01.

23 – Mandou esconder os dados sobre os casos da Covid-19 no Brasil, como fizeram apenas ditadores.

24 – Planeja privatizar estatais lucrativas, entregando o patrimônio da nação construído com o dinheiro dos nossos impostos.

25 – Recriou o Ministério das Comunicações pra entregar ao Centrão nas mãos do genro do Silvio Santos.

26 – Reduziu o número de Ministérios de 15 pra 23 (dado ao Centrão), fora as Secretarias.

27 – Boicotou ostensivamente todas as medidas de contenção da Pandemia.

São Paulo, 08 de dezembro de 2020. Terça-feira.

277 dias em isolamento. 

6.679.106 casos totais de contaminação por Covid.

178.253 mortes totais desde o início da pandemia.

Hoje eu senti novamente tontura. Não sei se é o retorno da labirintite ou estresse… Ou ambos! Estou fazendo uma dieta cetogênica com jejum intermitente e já eliminei 12 kilos. Talvez o jejum colabore para este quadro de certa fraqueza e tontura. 

Por Reuters: A primeira pessoa a ser vacinada contra a COVID-19, no Reino Unido, é Margaret Keenan, de 90 anos. Margaret disse estar muito feliz por poder passar o Natal em família. O plano de vacinação no Reino Unido começou hoje, com a vacina Pfizer/Biontech, estamos na expectativa de que a cena se repita rapidamente ao redor do mundo. 

Por Revista Fórum: Padilha vai ao TCU contra suspensão de exames de HIV, Aids e hepatites virais pelo SUS. Deputado petista pede apuração de procedimento, que teria sido motivado pelo fim do contrato de fornecimento dos testes, sem que houvesse uma nova empresa escolhida para prestar o serviço

Por TV 247: Vacina chinesa une Doria e Mourão contra Bolsonaro. O início da vacinação na China, na Rússia e na Inglaterra colocam seus líderes políticos no topo mundial por estarem sintonizados com suas bases políticas e sociais. Dória corre para estar no meio dessa turma, enquanto Bolsonaro pisa na bola, agindo, opostamente.

Por canal Terra: Bolsonaro coloca militares na Anvisa para controlar vacinas. Especialistas temem que a articulação politize o órgão e dê ao presidente controle sobre as aprovações de imunizantes contra covid-19.

São Paulo, 07 de dezembro de 2020. Segunda-feira.

276 dias em isolamento. 

6.605.803 casos totais de contaminação por Covid.

177.031 mortes totais desde o início da pandemia.

Da Folha de SP: O STF (Supremo Tribunal Federal) barrou por 6 votos a 5 a possibilidade de reeleição do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). Para a maioria dos ministros, a recondução é inconstitucional. O voto do presidente do STF, Luiz Fux, não foi divulgado. Mas ele divergiu do voto do relator Gilmar Mendes, que autorizava a reeleição.

Hoje eu não estou bem. Atingiu-me uma tristeza, melancolia e solidão. O cuidado com a casa, com o filho, com as compras, com a roupa, com a comida… nada resta… Ando às voltas com as tarefas e não respiro. Quero respirar, quero viver para mim apenas, nem que seja só por um instante.

Eu te perdoo com gratidão.

Hoje, enquanto eu fazia as minhas orações diárias, o Dante adormeceu no meu colo. Foi um instante de pura paz e gratidão, em que o silêncio era rompido apenas pela suavidade da repetição do Nam Myoho Rengue Kyo. Que poderoso instante!

Enquanto eu mentalizava meu dia, entoando o mantra, lembrei como eu estava irritadíssima cerca de 30 minutos antes desse místico momento. Saí muito rápido do meu estado de inferno para um estado de tranquilidade. Era, então, o fim de um dia agitado. E eu fui abraçando esse momento e agradecendo tudo que eu tenho e tudo que ocorreu, mesmo as coisas que mais me irritaram ou incomodaram hoje e nos últimos dias que se passaram. Lembrando de cada momento, parei o pensamento no meu pai.

Entoando continuamente o Daimoku, eu mentalizei fortemente meu perdão ao meu pai e meu perdão a mim mesma por ter me permitido por tanto tempo sentir raiva dele. Perdoando cada falha, cada ausência, cada mentira dele, profunda e verdadeiramente. Eu repeti incontáveis vezes esse mantra e esse perdão, lavando toda a energia incrustrada de dentro de mim para fora, e fui me sentindo leve. Foi quando eu olhei para o Dante e ele também, em relaxamento total, já dormia.

Até o torcicolo e a tensão nas costas, até a dor de cabeça foi passando e eu pude contemplar um prazer inigualável de leveza. Minha mente ficou totalmente vazia. Eu encerrei minhas orações, coloquei o Dante na cama dele e me sentei diante do computador com uma necessidade, talvez até urgência, de escrever este momento. Pois eu quero lembrar dele por muito tempo. Lembrar de como foi difícil o dia 27 de outubro, quando eu decidi ir pessoalmente até a casa do meu pai falar com ele sobre o estado de saúde do irmão dele, já que não respondia ao telefone. Eu lembro como eu me senti naquele momento de catarse, purificação e resgate. Eu sabia que precisava estar lá, naquela casa. E eu sabia que seria a última vez que eu estaria lá. Foi o encerramento de um longo processo de dor e raiva. Ali começou o meu perdão. Alguns dias depois, meu tio viria a falecer, depois de quase um mês de luta.

E místico também foi o meu encontro com o outro irmão dele, o gêmeo, que rompeu relações com a família inteira e, por este motivo não sabia da morte do irmão mais velho deles. Era o segundo turno das eleições para prefeito, domingo, dia 29 de novembro. Eu desisti de voltar para a casa da minha mãe a pé, pois começou a chover. Parei em frente à escola e chamei um carro de aplicativo. Ainda pensei em entrar na escola, mas uma força inexplicável me convenceu a preferir uns pingos esporádicos debaixo da árvore. Foi quando ele parou ao meu lado. Não me reconheceu quando eu chamei.  Eu tive uma conversa extremamente bizarra e curta com ele, pois o carro havia chegado. Fazia, eu acho, uns 12 anos que eu não o via. Dei a dura notícia da morte do irmão que sempre foi muito ligado a ele e saí de lá sem olhar para trás. Foi, então, outro marco do processo de resgate. Encerrei ali a minha missão para com eles também. E isso foi libertador.

Então, se naquele dia iniciou o processo de perdão, hoje encerrou. Hoje, diante do Gohonzon, com toda sinceridade e coração aberto eu posso dizer, feliz: pai, eu te perdoo. Este foi realmente um dia ótimo para mim e sou grata, eternamente grata. Nam Myoho Rengue Kyo.

Um sonho do processo de perdão…

265 dias em isolamento. 

6.242.848 casos totais de contaminação por Covid.

172.094 mortes totais desde o início da pandemia.

Nesta noite eu sonhei com o meu pai. Como sempre, no sonho, eu o visitava na casa da vó. Havia vários sapatos atrás da porta, desordenados, amontoados. Ele me pedia para participar de algum evento que iria acontecer em breve e disse que a minha presença significa muito para ele e eu tinha esse sentimento de que não queria comparecer a tal evento que ele solicitava, mas quando estava quase convencida a ceder e dizer sim, a mulher dele apareceu, sempre de costas para mim e se sentou distante em um sofá, vendo televisão. Quando ela chegou, ele se afastou de mim e foi sentar com ela, também de costas para mim. Aquela sensação de urgência que ele mostrava parecia estar totalmente vinculada à iminência da chegada dela. E, então, o tempo acabou e, quando ele se afastou, eu resolvi que era hora de ir embora e fui tentar encontrar os meus sapatos naquele amontoado. Quando ele percebeu que eu estava indo embora, suplicou para que eu ficasse. Enquanto eu terminava de calçar o último sapato, ele me disse “eu te amo”. E eu respondi: “confiança e carinho são cultivados ao longo do tempo. O amor é consequência disso. Às vezes a gente fala ‘eu te amo’ só por protocolo, da boca para fora”. Então, saí pela porta sem olhar para trás. Enquanto eu andava, a pé, pela cidade, tudo desmoronava atrás de mim… e eu caminhava sobre escombros.

Cartão Alimentação Escolar

O Dante está sem aulas desde o dia 16 de março deste ano, quando as escolas municipais foram fechadas por conta do novo Corona Vírus. Ele é aluno de um CEI da Prefeitura. Logo no início do isolamento, pais de alunos e responsáveis fizeram uma atualização cadastral para o recebimento do caderno impresso de atividades, para criação de grupo no Whatsapp para contato com as professoras.

Perto da Páscoa, foi também liberado o Cartão de Alimentação apenas para os que estão cadastradas no Leve Leite e Bolsa Família. Eu não fiz o cadastro em nenhum destes dois programas, então nem esperava receber o benefício, mas para a minha surpresa, no dia 09 de novembro (apenas 4 dias antes das eleições municipais), a diretora da escola me enviou mensagem para buscar o Cartão Alimentação de auxílio merenda, sete meses depois da paralização das aulas. O valor mensal do cartão é de R$ 101,00.

Em período pré-pandêmico, as crianças recebiam cinco refeições gratuitamente durante o período de aula dentro da escola. Então fiz uma conta rápida de padaria para tentar fazer esse modesto valor caber em um orçamento de planejamento alimentar mensal que seja equivalente ao que a criança receberia na escola. Cada refeição teria de custar um Real para a conta fechar. Não fecha, né? Existem famílias em situação de emergência que contam com a escola para que seus filhos se alimentem. Muitos pais não têm condição de comprar frutas ou produtos com valor nutricional adequado para suas famílias.

Este seria o último ano do Dante no CEI, pois ele já vai completar 4 anos em 2021 e teria de ser encaminhado para um EMEI. Eu ainda não decidi se vou matricular ele em escola particular ou EMEI, mas realmente fico triste que ele não tenha aproveitado este ano letivo, pois é uma escola de alta qualidade e me parte o coração a saudade que ele tem das professoras e dos coleguinhas. É um ano que foi pausado por motivo do isolamento. Neste momento quero apenas aguardar a vacina contra o Covid para que possa planejar a escola. Para mim, a prioridade é a vida. O restante pode aguardar.

A catarse pré-eleitoral.

250 dias em isolamento.  5.785.101 casos totais contaminação por Covid. 164.392 mortes totais desde o início da pandemia.

Hoje eu soube de duas mortes de pessoas que eu não conheço, mas mesmo assim me entristeci. Poxa, é mesmo devastador esse tipo de notícia que nos chega, pois tem casos em que a gente não conhece a pessoa falecida, mas conhece aqueles próximos a ela e que estão sofrendo. Então, sofremos junto com esses que ficaram no luto e na dor. Somado a isso, a sensação de injustiça e de impotência acumulada nestes nove meses deixa a gente em estados psicológicos tão frágeis que causam, não raramente, crises de pânico, ansiedade, insônia e tantos outros problemas psicossomáticos que até se tornam dores e doenças físicas. 

Em três dias teremos as eleições para vereador e prefeito. Nesta semana eu fui buscar meu título de eleitor nos arquivos e acabei encontrando os comprovantes de votação para presidência em 2018. E algumas imagens passaram na frente dos meus olhos como se fosse um filme: há dois anos foi eleito o presidente, se não a pessoa, mais perverso que eu pude conhecer na minha atualidade. E os impactos ambientais, econômicos, sociais, educacionais estão profundos e enraizados. Não sei quantos anos (cinquenta, oitenta?) serão necessários para recuperarmos todo o retrocesso que vivemos. E me abalou o sentimento de que talvez tenhamos pela frente mais dois anos em trevas, pois já perdi as esperanças de um impeachment. 

Sobre COVID, o Brasil mostrava nas últimas duas semanas uma média de 100 a 200 mortes diárias. Comparado com os meses de junho e julho, em que a média era de mil mortes por dia, é uma queda relevante. Com isso, e também a redução de notícias sobre a doenças devido à proximidade das eleições, muitos cidadãos começaram a atenuar os cuidados de isolamento, por otimismo ou cansaço de tanto tempo desse distanciamento forçado, e passaram a viajar, frequentar locais fechados em multidões. Ontem foram 554 óbitos e hoje registrou-se o total de 33 mil novos casos de infecção e 936 mortes. Estes números podem estar mostrando a tendência para a segunda onda de contaminação, já tão comentada por especialistas microbiologistas e médicos nos meses que se passaram.

Nos Estados Unidos, Donald Trump perdeu para Biden e não conseguiu a reeleição. Fato que trouxe a mídia brasileira a um alerta para possíveis atritos nas relações do país conosco após polêmicas falas do presidente Jair Bolsonaro. 

Eu decidi parar escrever este diário da quarentena há quase três meses por perceber que estava me fazendo um mal danado estar assim tão absorta pelas notícias políticas e cotidianas. Afastei-me, portanto, de tudo isso. Foi um intervalo em que eu criei uma modesta horta junto com o Dante, meu filho. Também pude ter mais tempo para estudar e concluí três cursos de marketing e redação. Avancei com o projeto de design gráfico para as camisetas (que já comentei anteriormente neste diário) e até arrisquei criar alguns desenhos. Confesso que fiquei feliz com o resultado e extremamente empolgada com o breve estudo de paletas de cores que tive. Também neste intervalo decidi fazer uma dieta e já se foram dez quilos embora. Alimentação mais saudável e a vida mais produtiva, porém com alguns problemas ocasionais de manutenção do sono. Nada grave, no entanto.

E por que voltar, então, com a escrita no diário? Sinto-me hoje mais fortalecida e menos comovida pelas notícias quando as leio. A saudável prática de tomar certa distância não é fácil, pois são dados que nos afetam como cidadãos diretamente. Mas como jornalista, devo praticar o ensaio tão necessário. Além disso, é um processo catártico do qual eu já estava sentindo falta. É bom estar de volta.

Relato de comprovação com palavras de decisão

Reunião de Líderes da Regional Vila Maria, Sub Coordenadoria Norte

Meu nome é Fernanda e sou líder do Bloco Cachoeira na Comunidade Vila Guilherme. Semana passada tivemos o Curso de Aprimoramento para nós líderes e eu tive a honra de adereçar palavras de decisão naquele estudo maravilhoso. E como este foi um ano que nos deu ampla oportunidade para refletir sobre vários aspectos de nossas vidas, fiz uma profunda análise de como foi o meu ano desde seu tenro princípio.

Todo final de ano eu faço uma lista de objetivos os quais desejo cumprir no ano seguinte. E no fim do ano passado, não foi diferente: eu fiz a lista com cerca de 20 objetivos para conquistar e transformar. Porém, no fim de fevereiro fomos todos pegos de surpresa com a pandemia e o advento do novo Corona Vírus e outras prioridades se colocaram diante de nós!

As reuniões que antes se realizavam nas nossas casas, finalizadas com abraços e cafés, agora estão nos nossos computadores ou celulares e são finalizadas com selfies… Consolidou-se um novo jeito de comunicar, pelo bem da nossa saúde. O uso constante de máscara ao sair, as tarefas em casa que misturam a rotina privada com as responsabilidades profissionais, as crianças em casa e escolas fechadas… Enfim, tantos imprevistos!

Mas é justamente lembrando-me das sábias palavras de Ikeda Sensei, “não avançar é o mesmo que retroceder”, que eu simplesmente não me permiti abandonar as minhas decisões e nem falhar na prática diária do Gongyo e Daimoku! Chega de procrastinação: a transformação começa agora. Porque todos os dias quando o sol se levanta, nós também nos levantamos renovados com a oportunidade de realizar os nossos objetivos, não é verdade?

Então, passados mais de seis meses, fui me recordar justamente daquela lista que fiz lá no Natal do ano passado… A sensação é de que escrevi há muito mais tempo. Pensei que os planos estariam praticamente todos frustrados ou atrasados, mas foi com um belo sorriso no rosto que percebi que a maioria deles já está se concretizando:

– Compartilhar com as pessoas o significado do Nam Myoho Rengue Kyo;

– Manter os antigos amigos e fazer novos amigos;

– Estudar mais;

– Emagrecer e cuidar da saúde;

– Viajar (esse objetivo realmente terá de ser deixado para 2021);

– Ser uma boa líder de bloco…

Bem! Parei a leitura nessa frase e refleti: o que é ser uma boa líder de bloco? Como posso melhorar ainda mais como líder e, principalmente, o que Ikeda Sensei faria nessa situação?

Quero, portanto, me comprometer agora com todos os senhores e senhoras a definitivamente não deixar ninguém para trás e incentivar cada um dos senhores e senhoras para buscar o envolvimento dos nossos queridos membros nas reuniões virtuais.

Então, se nós sabemos que 2020 é o ano do avanço e dos valores humanos e que é o ano da consolidação da organização de base, precisamos imediatamente e diariamente firmar nosso compromisso de estarmos ativos como líderes para que, juntos, possamos fazer a nossa Revolução Humana e inspirar a nossa comunidade.

Novo desafio

Hoje eu fui convidada para elaborar um texto para a minha comunidade budista, que será lido durante a reunião de estudo de líderes da organização. Recebi com honra e felicidade este convite e, para minha surpresa, eu consegui desenvolver o texto dentro de vinte minutos. Fui envolvida por uma aura de criatividade e entusiasmo enquanto me debruçava de forma catártica sobre o teclado. Existe um grande dilema para nós, escritores, quando nos deparamos com uma página em branco. Muitas vezes o medo nos paralisa e toma para si a nossa criatividade. Porém, é imperativo que dominemos a nossa mente e tomemos as rédeas da racionalidade. Sim, racionalidade! Pois não é somente a criatividade que faz fluir os dedos pelo teclado: foco, técnica, prática e estudo precisam ser constantemente instigados e usados para nosso próprio desenvolvimento. E hoje eu pude aplicar ativamente esta técnica que venho treinando nos meus últimos meses. Venho realizando cursos de especialização na minha área de atuação profissional e, consequentemente, tornando mais ativo o hábito da escrita. Fiquei muito feliz com o resultado dos meus esforços. Após realizada a reunião, adicionarei aqui nas minhas memórias o texto a que me refiro, caso você esteja curioso para saber o conteúdo. Já que aqui também estão meus relatos reproduzidos em tantas reuniões da comunidade, penso ser de grande valor a divulgação deste material também. Para conhecer mais sobre o Budismo de Nitiren Daishonin, acesse: http://www.bsgi.org.br/

Quarentena

Foto por Kaique Rocha em Pexels.com

Hoje completamos seis meses de quarentena. Foram 180 dias de uma distorcida rotina. Não anotamos com precisão matemática, mas certamente foram mais de 300 louças lavadas, mais de 500 refeições produzidas. Além das estatísticas de sobrevivência, temos as de lazer: três livros lidos, dois HQs devorados, dois jogos de Playstation iniciados. Também tivemos duas emergências dentárias, incontáveis horas de daimoku realizado, incontáveis pães assados, infinitas garrafas de vinho consumidas, uma mudança de trabalho (para melhor), o inevitável encerramento precoce das aulas, o crescente descontrole da rotina, do sono e da dieta, mas também o reencontro conosco, com a família: entre as tristezas acachapantes, alguns gliters de felicidade. Continuamos torcendo para que a ciência triunfe e nos traga uma vacina… Quem sabe ainda nesse ano? Quem sabe teremos Natal em família?

A Ilha do Medo (in: Shutter Island, dir: M. Scorsese)

A Ilha do Medo, Martin Scorsese.

 

Escrito por Martin Scorsese, esse surpreendente suspense nos leva a mergulhar na perturbada mente do protagonista, Teddy Daniels, para o núcleo de uma fantasia que se desenvolveu dentro de um trauma familiar.

 Teddy, interpretado por Leonardo Di Caprio, é um ex-militar e detetive policial que tem como missão, junto de seu fiel parceiro, Chuck, a investigação do desaparecimento de uma paciente em um grande manicômio dentro de uma inóspita e assustadora ilha.

Uma trama paradoxal que narra o profundo abismo psicológico de uma memória insuportável.

 Em meados dos anos 1950, o investigador federal Teddy Daniels desembarca na ilha que abriga o famoso hospital psiquiátrico Ashecliffe, especializado em criminosos com quadros de distúrbio psicológicos graves. Teddy investiga o misterioso desaparecimento da paciente Rachel Solando.

 O filme, que se baseia no livro Paciente 67, de Dennis Lehane, alia um enredo excelente com uma trilha sonora profundamente sinistra, elevando a história para um vórtice de constante estado de alerta e paranoia em que se nota claramente elementos como a água e o fogo para construir um padrão psicológico em seus alicerces.

 Conforme a trama se desenrola, descobrimos que Teddy é, na verdade, Andrew Laeddis, um ex-combatente de guerra alcoólatra, atormentado pela violência dos campos de concentração. Revela-se, então, que no passado ele matou sua jovem esposa, Dolores, após chegar do trabalho e perceber que ela afogou seus três filhos no lago aos fundos da sua linda casa. O ambiente bucólico de um chalé no campo dá lugar a uma tragédia pesada e insuperável. É a partir desse trauma que Andrew passa a desenvolver distúrbios de alucinação, que variam entre picos de esquizofrenia e psicose.

 Ao desconfiar que está sendo medicado através dos cigarros que lhes são oferecidos ao longo da sua investigação, ele interrompe o seu consumo e sofre com a abstinência do fármaco: vomita, passa a ter fotofobia e extenuantes dores de cabeça: um verdadeiro inferno físico e mental em que Dolores constantemente surge para atormentá-lo.

 Ao final de uma catarse com o seu psicanalista, em que supostamente surgiria a sua cura, ele retorna ao torpor original e conscientemente determina o seu destino para encerrar definitivamente sua dor.

 Eu decidi fazer a análise crítica dessa formidável película para prestigiar um dos meus favoritos suspenses de Scorsese. Não me canso de rever e a cada vez que eu reassisto, é uma experiência inédita para mim. É realmente um psicodrama formidável! Recomendo.

146 dias de isolamento

2.967.064 infectados.
99.703 mortes

Com quase três milhões de infectados e cem mil mortes, os números só crescem, já que há cerca de três meses tem morrido mil pacientes de COVID por dia. No entanto, parece que está tudo normal. Povo vai para a praia, para a festa ou churrasco, vai para o bar… Sem máscara. Enquanto isso eu luto diariamente para ter forças e continuar firme no meu isolamento de quase cento e cinquenta dias. Eu ontem chorei por culpa de o Dante estar usando em demasia o celular dele com joguinhos de vídeos no Youtube Kids. E eu chorei porque tenho medo de levar ele ao parque, que já está aberto mas ainda me deixa insegura de sair com ele para este tipo de passeio. Só em São Paulo temos mais de dez mil mortos. Não sei se é momento ainda de ir a parques. Chorei também porque ele falou que quer ver a professora Keli e disse estar com saudades dela. Eu me revolto porque as pessoas por aí vivem como se tudo estivesse bem. A minha amiga foi com o filho de 1 ano, outro filho de 5 anos para o interior de São Paulo, numa longa e cansativa viagem na casa da mãe dela e tem feito passeios e festas por lá. Eu não sei o que se passa na cabeça dessas pessoas. Eu não sei como que o tédio e a vontade de sair superam o medo da morte ou o medo de perder um ente querido sem nem ter como velar o corpo. Todos os dias são de luta para ter energia de poder oferecer tempo de qualidade para meu filho, para manter a casa em ordem, para cuidar da minha saúde, para me manter atualizada profissionalmente na busca de um novo trabalho, para manter a minha prática budista ativa e vibrante, para ter uma vida social saudável dentro do possível pelos canais virtuais. Não me resta tempo e nem energia para mais nada. E há dias em que nem com o básico eu consigo cumprir.

Dois dias atrás uma notícia assustadora abalou ainda mais as pessoas: Uma explosão de proporções enormes causada por nitrato de amônia causou uma destruição avassaladora na zona portuária de Beirute, no Líbano. Foram mais de 130 mortos e mais de cinco mil feridos, além de destruição de importantes silos de grãos que abasteciam a região. Até o momento ninguém reivindicou um possível ataque e a ideia de terrorismo se distancia, indicando o caminho da investigação para um acidente por negligência e falta de fiscalização. A mídia brasileira, bem como a internacional, deram ampla cobertura dramática enfatizando as mortes, filmando os aflitos ao vivo e toda a destruição que seguia entre escombros e poeira de devastação. 


Isso me fez refletir em como e por que a morte pelo COVID foi banalizada ou normalizada. Então fui buscar entender esse fenômeno e me caiu aos olhos uma matéria muito interessante elaborada pela Fiocruz. Cito trechos:

“Ao longo do acompanhamento e análise dos relatos científicos, principalmente aqueles da ordem da vigilância epidemiológica, dos meios de comunicação e das iniciativas de respostas governamentais sobre a Pandemia de COVID-19, identificamos dois analisadores importantes em muitas das principais narrativas sobre a maior e mais letal ameaça sanitária deste século até o momento: 1- A retomada do conceito de risco como estratégia de classificação de humanos mais ou menos propensos a determinado agravo de saúde – os chamados grupos de risco; 2- A consequente identificação de grupos mais ou menos vulneráveis à infecção e à mortalidade pelo Sars-Cov-2….

Uma das questões que se tornou pregnante nas notícias, diálogos cotidianos e planejamento de ações de isolamento e flexibilização do distanciamento social, é a justificação moral científica de que as mortes desses indivíduos são esperadas, previsíveis e, portanto, podem ser naturalizadas. Neste sentido, podemos prosseguir com nossa segunda reflexão: a naturalização das mortes de pessoas classificadas em grupos de risco. Em meio a reestruturação da previdência social no Brasil, junto às medidas de austeridade de cunho ultra-neoliberal que atingiram em cheio a sustentabilidade de políticas públicas e sociais, bem como o imenso corte do financiamento da ciência e tecnologia no país, surgem perigosas polarizações. A noção de que, no lado positivo, estão os indivíduos produtivos e que são capazes de gerar renda e, no lado negativo, aqueles que oneram o sistema, o Estado e as empresas por sua “improdutividade”, dissemina: (a) o valor moral de que nem todas as vidas valem a pena ser salvas; (b) que a morte dos grupos e indivíduos “do lado negativo” é esperada e natural em meio à pandemia. (7,8)…

O perigo da “normalização” da morte é o relaxamento das medidas de proteção e tratamento dessas pessoas em tempos de escassez de recursos e colapso dos sistemas de saúde. Essa pseudo-normalização é um reforço ao acúmulo de descasos que o país vem sofrendo. Em especial, a progressão desenfreada do imenso fosso social que vem sendo produzido. Os desinvestimentos em educação, saúde e direitos trabalhistas, além da conveniente produção de informações pobres em conteúdo e promotoras de encolhimento reflexivo da população brasileira seguem na empreitada de alargar ainda mais esse vão de iniquidades.”

A matéria toda está aqui.

140 dias de isolamento

2.667.282 infectados.
92.595 mortes

Hoje começaram as mini-férias do Júlio. Será apenas uma semana, sem viagens ou passeios, mas ele poderá relaxar e ter mais disposição para brincar com o Dante. Estamos felizes com esse descanso, pois são breves os meus momentos de solitude, quando os meninos vão dormir. E é nesses raros momentos em que reflito tudo que estou vivenciando com o Dante agora que estamos em casa, sem aula e, no meu caso, sem trabalhar. Eu fico esgotada no fim do dia, após atender tantas demandas dele: só quer brincar, pede minha atenção na maior parte do tempo e ainda depende de mim para higiene pessoal e alimentação. Ao mesmo tempo, considero um privilégio eu poder ver e ouvir cada palavra dele, cada descoberta, cada novo passo do seu lindo trajeto de aprendizado. Que sorte a minha poder aproveitar cada instante nesta situação atípica, já que nesse ano tudo tem sido tão desgastante e angustiante, Por isso, eu fico tentando compensar para ele, criando memórias positivas para que ele possa levar consigo para o futuro.

E por falar em memórias, na quarta-feira desta semana eu levei o Dante à dentista novamente para continuar o tratamento dos dentes. Só falta mais uma sessão. São tratamentos das cáries, sem necessidade de realizar o tão temido canal, do qual eu, aterrorizada, ouvi de duas dentistas profissionais anteriores as anamneses que ofereceram. Fico grata de ter, intuitivamente, tomado a decisão de buscar a terceira opinião. Inicialmente foi feito um curativo com flúor para proteção e observar se haveria inchaço, dor ou qualquer desconforto. E tudo deu certo. Pude colocar um ponto final a este assunto que tanto estava me incomodando. Espero que ele não crie medo de dentista como eu tenho.

Com esta ida ao consultório, já somei seis saídas de casa nestes 140 dias de isolamento. Ao mesmo tempo em que é bom sair de casa, o retorno acaba se tornando um grande alívio: despir a roupa potencialmente suja e contaminada, borrifar álcool nos óculos, celulares, bolsas e qualquer coisa que tenha tido contato com o exterior é a primeira coisa que eu faço. O esforço em não permitir que o Dante toque o chão com as mãos fora de casa é extenuante. É também horripilante ver o comportamento errático das pessoas referente ao uso da máscara de proteção: Ou não usam, ou a contaminam pelo manuseio incorreto e displicente. Não sei se por falta de informação ou por desacreditarem na doença, mas vejo com irritante frequência as pessoas se arriscando nas ruas. Então o conforto do retorno ao isolamento seguro e sereno se destaca e apazigua.

Já passamos de dois milhões e meio de pessoas contaminadas e em breve chegaremos a cem mil mortos. É chocante, triste e depressivo acompanhar o crescimento exponencial destes números. Somente no Brasil é que pudemos observar um platô nos gráficos de registro de mortes diárias: já estamos há dois meses com essa média de mil mortes por dia. Terrível! Enquanto isso, o MEC estuda a reabertura das escolas em São Paulo e no Rio de Janeiro, estados que concentram a maioria dos casos do país. Pois o meu filho fica em casa neste ano e possivelmente no início do no ano que vem! As professoras estão passando atividades via Google Classroom, comunicam-se com os pais todos os dias úteis via Whatsapp. Tem contação de história e brincadeira sugerida. Estou satisfeita com a “aula” à distância. Para crianças em idade escolar, as vídeo aulas não substituem. Não, eu sei que não é igual mas é o que tem para 2020. No ano que vem se recupera. Retorno às aulas sem controle da epidemia e sem vacina é temerário e irresponsável.

Por TV 247: “O povo parece que se contentou com o fato de que irá morrer mesmo. E quando eu falo povo, são os mais vulneráveis, pretos, pretas e pobres. Isso é assustador, uma letargia sem fim”, desabafou o pastor Ariovaldo Ramos.

131 dias em isolamento

2.227.514 infectados.
82.771 mortes.


Deixando de lado o fato de que estamos em isolamento há mais de 4 meses, tentando conciliar o trabalho com os cuidados da casa, do filho e da vida social, pondero aqui uma análise prismática da nossa vida de forma até que satisfatória. A levar em consideração a falta de sol e de exercícios físicos, que podem estar sendo saudavelmente substituídos por alongamentos e meditações dentro de casa, estamos no lucro. 

O Dante aprendeu a gritar “Fora Bolsonaro” na janela e eu fiquei bem orgulhosa disso! Também aprendeu a falar “Heineken”. Melhor ele não gritar isso pela janela para não atrair a atenção do Conselho Tutelar! E por falar em educação, a professora hoje propôs uma atividade muito rica: A confecção da bonequinha Abayomi. A professora também contou a história da boneca. A palavra abayomi tem origem iorubá, e costuma ser uma boneca negra, significado aquele que traz felicidade ou alegria. (Abayomi quer dizer encontro precioso: abay=encontro e omi=precioso). Conta-se que a origem das bonecas “se deu na época da escravidão, as mulheres negras faziam bonecas para as crianças, jovens, adultos. Elas as as confeccionavam com pedaços de suas saias e roupas para acalmar e trazer alegria para todos”. O objetivo da atividade é estimular as relações de generosidade, o fortalecimento da auto-estima e reconhecimento da identidade afro-brasileira de negros e descendentes, para superar as desigualdades de gênero, integrando a cultural brasileira.

Ainda no tema da educação, hoje foi aprovada a PEC da Fundeb, que prevê 23% de participação da União até 2026 na educação pública. Falta agora a aprovação do Senado. A proposta tem origem na gestão do PT, e sofreu algumas alterações para o Bolsonaro poder chamar o projeto de seu.

Ontem a minha amiga me contou que o filho de um ano foi picado por uma joaninha e teve reação alérgica fortíssima! Fui à internet estudar o tema e fiquei chocada com a letalidade desse bichinho tão bonitinho. Ao mesmo tempo, é lógico o pensamento de que um animal muito colorido tende a ser venenoso mesmo: vide cobras e sapos. 

O exame clínico do presidente Jair Bolsonaro para Covid-19 voltou a dar positivo hoje e a internet não perdoou: está chovendo meme sobre a eficácia da cloroquina e a credibilidade dele. 

Por TV 247: Brasil ainda está sem controle da transmissão do coronavírus, indica cálculo. Pela 13ª semana consecutiva, a taxa de contágio brasileira está acima de 1, o que significa aumento da velocidade de infecção pelo coronavírus.

Por Revista Istoé: Pessoas começarão a receber vacina da Covid-19 apenas em 2021, diz OMS. [Leia a matéria completa]

122 dias de isolamento

1.888.290 infectados.
72.941 mortes

Hoje eu e o Dante acordamos por volta das 11 horas da manhã, pouco depois de o Júlio levantar. Ele acordou mais cedo do que o costume para a reunião semanal, que acontece todas as segundas-feiras, às 10h. Eu havia combinado de acordar com ele para tomarmos juntos o café, mas eu não consegui. Estava cansada pois fui acometida pela insônia nesta noite, e literalmente vi o dia amanhecer sem que pudesse repousar os olhos nem um instante.

Terei de fazer um esforço maior para normalizar os horários de sono do Dante, pois ele tem nos acompanhado e está indo dormir cada vez mais tarde. Uma das coisas que acho mais chatas na maternidade é colocar a criança para dormir. Nessa quarentena, como não tem aula e, portanto, não temos obrigatoriedade de acordar cedo, acabo deixando ele dormir quando queira. Eu fico entediada, pois o Dante puxou os genes maternos quando se trata do assunto do sono. Ele chega a levar até uma hora para adormecer e eu acabo por ficar entediada.

Eu fico pensando em todo esse ano que passou até o momento. Desde seu mais tenro início. Lá na virada do ano. No estourar dos fogos. Já não foi uma virada excelente para mim. Eu fiquei irritada, impaciente. Parecia um advento para o que estava por vir.

Hoje fiz sopa.