58 dias de isolamento: Dia das Mães

162.699 infectados.
11.123 fatais.

Hoje é o meu dia. Dia das mães… Pensei muito na minha avó materna. Conversei com a minha mãe por áudio via Whastapp pela da manhã e choramos juntas ao lembrar dela. Também conversei com uma pessoa muito íntima minha que deveria estar recebendo em suas mãos um bebê que não se desenvolveu no ventre e acabou morrendo em outubro do ano passado. Choramos juntas também e pensamos no que era para ser uma maternidade e acabou não sendo. Chorei também com pesar quando levantei o pensamento para os filhos sem mãe e as mães sem filho que perderam a batalha contra o COVID-19. Dia triste para eles todos… Já estamos passando de mil mortes por dia. Não estamos próximos do pico e a curva parece cada vez mais íngrime no gráfico.

Ao contrário de ontem, a energia e disposição do Júlio caiu bastante devido a uma gripe. Ele está inseguro e teme ter contraído o COVID. Eu o tranquilizei, pois não há presença de febre. Parece uma gripe comum, mas mesmo assim ele ficou praticamente o dia todo na cama. E eu tive de dar um turbo no meu ânimo para poder acompanhar o Dante, este sim, com infinita energia, todo dia! Brincamos de caça tesouro do pirata, bazuca do robô e caça monstros coloridos, esconde-esconde, pega-pega, futebol, bolinha de sabão, recorta e cola…

Ademais, foi um dia também agitado online, cheio de telefonemas, mensagens e também com um café virtual especial com a minha mãe e o meu irmão. Eu achei que fosse ficar emocionada, mas as crianças interagindo durante a ligação por vídeo no Whatsapp deixaram tudo muito divertido e descontraído. Minha mãe ficou feliz e todos pudemos nos reunir virtualmente.

E dentro deste cenário todo de onze mil mortes, nem sei como eu recebi a pergunta do meu irmão: “quando a quarentena acabar, você vai sair com o Dante?”. Eu nem pensei sobre isso. Talvez seja uma técnica inconsciente de proteção contra o estresse e a insegurança. Eu respondi que não quero sair enquanto não houver uma vacina, mas percebi o absurdo que eu falei assim que as palavras saíram da minha boca.

Falei também com muitas amigas que são mães, e pude sentir bastante desse carinho entre nós. 

Depois, eu e o Dante montamos juntos uma lasanha. A ajuda dele foi mais simbólica do que funcional, evidentemente, mas eu adorei cozinhar com ele ao meu lado. De cima da cadeira ele ia observando tudo atentamente.


Agora, com minha taça de vinho diante do notebook, com os meus meninos dormindo no quarto ao lado, eu aprecio deliciosamente a minha solitude.

Feliz dia das mães a todas!

Publicado por Fernanda Serpa

Formada jornalista há 15 anos, sou produtora de conteúdo freelancer. Especializada em redação web, também tenho grande carinho pela criação de ficções e poesias. Sou budista, mãe do Dante e culinarista por hobbie.

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