56 dias de isolamento

Raiva e tristeza.

140.023 infectados.
9.600 fatais.

Mil mortes de ontem pra hoje… Mil famílias em prantos. Meu coração chora junto dessas pessoas. Estou diariamente enviando daimoku para estes indivíduos que acabam se tornando números e estatísticas, mas que jamais serão esquecidos pelas suas famílias e amigos. Hoje o Brasil chora. Eu oro diante do meu Gohonzon com energias de luz e amor a todas estas pessoas em sofrimento e pratico a gratidão por ter a possibilidade de ficar em casa, protegida junto com a minha família. Orar e ficar em casa: é o que eu estou fazendo para combater essa pandemia.

Hoje o Dante teve uma crise nervosa porque queria sair e passear. Eu e o Júlio ficamos muito emocionados com o choro descontrolado dele, e oferecemos a ele toda nossa empatia e compreensão, pois entendemos como sua tão tenra idade não permite a assimilação do complicado sentimento de conformismo. Até os adultos têm dificuldade em se conformar com a situação que atualmente se apresenta diante de si. Então, foi um momento difícil… Mas passou e tudo está mais leve agora.

Nós fizemos 10 minutos de hatha yoga e depois mais 10 minutos de alongamento. Depois de se acalmar, o Dante realizou com muita empolgação a atividade que a professora enviou hoje para desenvolver a criatividade e a coordenação motora. Mandei foto dele para a professora matar um pouquinho da saudade também…

Ontem à noite eu tive o desgosto de ver a entrevista que a Secretária da Cultura, Regina Duarte (ex-atriz Global, filha da ditadura) concedeu ao canal CNN Brasil. Não consegui ver todo o conteúdo, pois a entrevista durou mais de 40 minutos e foi um constrangimento fenomenal que eu não estava no clima de encarar. Ela aparentava estar alterada, sob efeito de alguma substância, ou bêbada, mas claramente incomodada e desconfortável por estar ali. E, assim como uma criança de três anos de idade, teve também uma crise nervosa, ao vivo. Pois com ela eu não gastei nem uma gota da minha empatia. Ela sorria e cantava músicas da época da ditadura brasileira, comentando como era boa essa época. Menosprezou as mortes e torturas que tantas pessoas sofreram naquele sombrio momento da história do nosso país. O jornalista da emissora, totalmente despreparado para a postura louca da mulher, ficou perdido, principalmente depois da mensagem gravada por Maitê Proença em que a atriz cobra postura e trabalho da Secretária. Nesse momento, Regina arranca o ponto da orelha, pede desculpas aos telespectadores e encerra a entrevista sem responder à pergunta de Maitê. Foi algo bem difícil de se ver. Eu senti genuína vergonha, como jornalista e como brasileira. Vergonha!

Logo depois de assistir a essa entrevista horrorosa, a energia mudou totalmente para melhor quando a minha vizinha veio com a filha dela trazer um bolinho de maçã para nós. A pequena tem a mesma idade do Dante e veio com máscara colorida trazer aquele potinho cheio de carinho e amor. Fiquei emocionada! Teve até um bilhetinho com mensagem de esperança. Fez o meu dia ficar muito melhor. Acho que é por isso que hoje eu tive um dia tão bom! O singelo gesto através de uma boa ação pode se prolongar em nós e ressoar no espírito. O amor sempre vai prevalecer.

Publicado por Fernanda Serpa

Formada jornalista há 15 anos, sou produtora de conteúdo freelancer. Especializada em redação web, também tenho grande carinho pela criação de ficções e poesias. Sou budista, mãe do Dante e culinarista por hobbie.

Um comentário em “56 dias de isolamento

  1. Tristeza viver esses tempos, longe de amigos e parentes. Dos hobbys, dos afazeres e das saidas. Ainda mais no pior governo possivel. Mas tenhamos fé, cada um a sua maneira, pois eles passarão eu (nós) passarinho

Deixe um comentário