A Ilha do Medo (in: Shutter Island, dir: M. Scorsese)

A Ilha do Medo, Martin Scorsese.

 

Escrito por Martin Scorsese, esse surpreendente suspense nos leva a mergulhar na perturbada mente do protagonista, Teddy Daniels, para o núcleo de uma fantasia que se desenvolveu dentro de um trauma familiar.

 Teddy, interpretado por Leonardo Di Caprio, é um ex-militar e detetive policial que tem como missão, junto de seu fiel parceiro, Chuck, a investigação do desaparecimento de uma paciente em um grande manicômio dentro de uma inóspita e assustadora ilha.

Uma trama paradoxal que narra o profundo abismo psicológico de uma memória insuportável.

 Em meados dos anos 1950, o investigador federal Teddy Daniels desembarca na ilha que abriga o famoso hospital psiquiátrico Ashecliffe, especializado em criminosos com quadros de distúrbio psicológicos graves. Teddy investiga o misterioso desaparecimento da paciente Rachel Solando.

 O filme, que se baseia no livro Paciente 67, de Dennis Lehane, alia um enredo excelente com uma trilha sonora profundamente sinistra, elevando a história para um vórtice de constante estado de alerta e paranoia em que se nota claramente elementos como a água e o fogo para construir um padrão psicológico em seus alicerces.

 Conforme a trama se desenrola, descobrimos que Teddy é, na verdade, Andrew Laeddis, um ex-combatente de guerra alcoólatra, atormentado pela violência dos campos de concentração. Revela-se, então, que no passado ele matou sua jovem esposa, Dolores, após chegar do trabalho e perceber que ela afogou seus três filhos no lago aos fundos da sua linda casa. O ambiente bucólico de um chalé no campo dá lugar a uma tragédia pesada e insuperável. É a partir desse trauma que Andrew passa a desenvolver distúrbios de alucinação, que variam entre picos de esquizofrenia e psicose.

 Ao desconfiar que está sendo medicado através dos cigarros que lhes são oferecidos ao longo da sua investigação, ele interrompe o seu consumo e sofre com a abstinência do fármaco: vomita, passa a ter fotofobia e extenuantes dores de cabeça: um verdadeiro inferno físico e mental em que Dolores constantemente surge para atormentá-lo.

 Ao final de uma catarse com o seu psicanalista, em que supostamente surgiria a sua cura, ele retorna ao torpor original e conscientemente determina o seu destino para encerrar definitivamente sua dor.

 Eu decidi fazer a análise crítica dessa formidável película para prestigiar um dos meus favoritos suspenses de Scorsese. Não me canso de rever e a cada vez que eu reassisto, é uma experiência inédita para mim. É realmente um psicodrama formidável! Recomendo.

Publicado por Fernanda Serpa

Formada jornalista há 15 anos, sou produtora de conteúdo freelancer. Especializada em redação web, também tenho grande carinho pela criação de ficções e poesias. Sou budista, mãe do Dante e culinarista por hobbie.

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