55 dias de isolamento

128.975 infectados.
8.685 fatais.

Esta quinta-feira amanheceu fria e chuvosa. Passava das dez horas quando acordei de um sonho meio futurista e ditatorial. No sonho, eu era revistada à revelia por homens que violavam o meu direito e a minha privacidade.

A partir da próxima segunda-feira (11), carros com placas de final par só poderão rodar em dias pares e veículos com final ímpar, nos dias ímpares. A medida vale para toda a cidade, não apenas o centro expandido, durante as 24 horas do dia, inclusive aos sábados e domingos (Fonte: G1). Este novo rodízio tem a proposta de reforçar o isolamento da população, que já apresenta uma porcentagem assustadoramente menor que 40%, principalmente nas favelas e periferias da cidade. Brasilândia é um dos bairros com maior número de casos e por ali é difícil ver alguém fazendo uso da máscara ou praticando o isolamento.

O dólar foi cotado hoje a R$ 5,86.

Presidente da Fundação Fiocruz, a socióloga Nísia Trindade entregou ao governo do Rio de Janeiro um estudo explicando a necessidade de lockdown total do estado. “Não tenho dúvida de que essa epidemia é o grande marco do século 21, que inaugura o século 21. E ela nos mostra a vulnerabilidade do nosso modelo de desenvolvimento, da globalização sem cuidado às populações, do turismo intenso. Mas ainda não é possível pensar, como seria desejável, que teremos um mundo mais solidário”, explica ela. A matéria é do jornal O Estado de São Paulo.

Da Revista Fórum: O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, se manifestou no Twitter contra a postura do presidente Jair Bolsonaro ao pressionar o Supremo Tribunal Federal (STF) por uma “volta à normalidade”. “Já são mais de 8 mil CPFs perdidos, sem chance de recuperação”, disse.

Hoje eu chorei um pouco, novamente. Meu olhar se perdia displicentemente à janela, sem notar com lucidez a vista lá fora. O pensamento voava. Perguntei ao Dante o que ele gostaria de fazer quando a gente pudesse sair de casa, quando as pessoas na rua não estivessem mais dodói. Ele respondeu que queria brincar de massinha. E me deu aquele nó no peito. Eu me perguntei o que mais vai mudar dentro de nós e qual impacto teremos depois de tantos dias de isolamento… A pergunta, imagino, ficará muito tempo ainda sem ter resposta. Nossos índices sociais estão alterados e a vida parece estar suspensa em uma espécie de limbo. Mas esses drops de tristeza, da forma como vêm, vão também… Desanuviei e a gente brincou de massinha, e depois fizemos exercícios de alongamento e yoga. Então, deu pra aquecer o corpo e o espírito. Nosso jantar será uma deliciosa sopa cremosa de mandioquinha com alho poró, linguiça e alho.

Publicado por Fernanda Serpa

Formada jornalista há 15 anos, sou produtora de conteúdo freelancer. Especializada em redação web, também tenho grande carinho pela criação de ficções e poesias. Sou budista, mãe do Dante e culinarista por hobbie.

Um comentário em “55 dias de isolamento

  1. Enquanto estamos nesse isolamento forçado e consciente, a inocência de uma criança nos conforta. Tamanha a simplicidade de seu desejo, e tão fácil de ser realizado. Parabéns pelo texto. Abraços cheios de saudade!!!!

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