265 dias em isolamento.
6.242.848 casos totais de contaminação por Covid.
172.094 mortes totais desde o início da pandemia.
Nesta noite eu sonhei com o meu pai. Como sempre, no sonho, eu o visitava na casa da vó. Havia vários sapatos atrás da porta, desordenados, amontoados. Ele me pedia para participar de algum evento que iria acontecer em breve e disse que a minha presença significa muito para ele e eu tinha esse sentimento de que não queria comparecer a tal evento que ele solicitava, mas quando estava quase convencida a ceder e dizer sim, a mulher dele apareceu, sempre de costas para mim e se sentou distante em um sofá, vendo televisão. Quando ela chegou, ele se afastou de mim e foi sentar com ela, também de costas para mim. Aquela sensação de urgência que ele mostrava parecia estar totalmente vinculada à iminência da chegada dela. E, então, o tempo acabou e, quando ele se afastou, eu resolvi que era hora de ir embora e fui tentar encontrar os meus sapatos naquele amontoado. Quando ele percebeu que eu estava indo embora, suplicou para que eu ficasse. Enquanto eu terminava de calçar o último sapato, ele me disse “eu te amo”. E eu respondi: “confiança e carinho são cultivados ao longo do tempo. O amor é consequência disso. Às vezes a gente fala ‘eu te amo’ só por protocolo, da boca para fora”. Então, saí pela porta sem olhar para trás. Enquanto eu andava, a pé, pela cidade, tudo desmoronava atrás de mim… e eu caminhava sobre escombros.