Quarta-feira, 04 de agosto.

Covid: 20.033.038 infectados totais no Brasil. 559.880 mortes totais.

Hoje eu fui à médica. Uma nova especialidade, chamada Médico da Família, que não é muito comum em convênios médicos, e vem de um formato idealizado pelo SUS. Eu gostei bastante, pois a consulta abrange várias áreas.

Minha intenção é fazer um check-up geral pós-Covid, mas também quero atualizar meus exames endocrinológicos e ginecológicos. E a médica hoje pediu todos os exames juntos. Ela fez várias perguntas, inclusive sobre o parto do Dante. E foram essas perguntas que me fizeram lembrar de que eu, enquanto gestante, estava com hipertireoidismo e fazia esse acompanhamento através de exames da minha tireóide.

A médica da família também poderá atender o Dante e o Júlio. Vou realizar os exames na próxima semana e já marcar o retorno, com o objetivo de já encaminhar minha família para ela.

Enquanto eu tomava banho, há poucos minutos, fui lembrando do meu dia, da consulta médica, pensando no parto do Dante, nos dias em que eu fiquei internada com Covid, na fragilidade da vida em si. E lembrei das histórias que minha mãe contou, incontáveis vezes, sobre o meu parto. E se minha mãe contou essas tantas vezes, minha avó contou mais outras tantas, em outra versão.

Eu cresci ouvindo que meu parto teve complicações. Que minha mãe estava, sim, com contrações e entrou em trabalho de parto. Mas alguns exames apontaram que eu estava em sofrimento fetal (esse termo nem existia na época mas os médicos tinham unanimidade na urgência do caso).

Minha mãe disse que o médico pegou na mão dela suavemente e disse “vamos conversar um pouco”. Então minha mãe sabia que algo estava errado. Ao explicar a situação de que o líquido amniótico estava turvo, o médico pediu a permissão para o parto via cesárea. Coisa com a qual a minha mãe prontamente concordou.

Ela contou que rapidamente deitaram ela na maca e a levaram apressadamente para a sala de cirurgia. E recentemente, na última internação hospitalar dela, relembrou e descreveu como foi a sensação poucos minutos antes de eu nascer: os olhos dela passando rapidamente pelas luminárias no teto, tentando, sem sucesso, focalizar o olhar, mas tudo passava rápido demais pela retina. Aquela adrenalina, ansiedade, medo.

Meus primeiros momentos de vida já foram tão arriscados, não é? Quanta sorte eu tenho desde o início da minha história! Eu me considero mesmo uma pessoa de sorte. E pensar nessa sorte me faz ter o sentimento de gratidão. Sou grata pela vida, pela saúde e pela felicidade.

A versão da minha avó? Ela falava maliciosa e maldosamente sobre como o meu pai não esteve presente no meu parto. Minha mãe suaviza e corrige, dizendo que ele “apenas” dormiu na sala de espera. A interpretação do que realmente aconteceu envolve não apenas o ouvido, mas o moral e o sentimento. Nesse caso, estou mais para o lado da vó. Quem consegue dormir em uma situação tão limítrofe? É mesmo porque não se importa, em minha análise.

Publicado por Fernanda Serpa

Formada jornalista há 15 anos, sou produtora de conteúdo freelancer. Especializada em redação web, também tenho grande carinho pela criação de ficções e poesias. Sou budista, mãe do Dante e culinarista por hobbie.

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