Madre

Nessa casa vazia,

Esse invólucro que nada tinha,

Formou aos poucos uma morada,

Com muito esmero.

O útero quente e fértil entrega uma vida

E transforma a outra. 

Pois nascemos juntas, criatura e criadora.

Madre, fica aqui comigo mais um pouco…

Contempla essa réstia de luz.

Me ensina como comungar com essa dor

Dá-me a sua guarda, que aqui eu te espero.

Vejo-te sempre, assim comovida,

E da culpa toda não te oferecem nem o troco!

Ah, se os momentos todos fossem doces como esse alcaçuz!

Se aquele dedo alheio se recolhesse em seu próprio veneno, 

Se o abraço de outrem levasse embora o peso da solidão,

Viveríamos certamente dias de imenso esplendor!

Madre, fica aqui comigo eternamente,

No meu colo, na minha memória, na escuridão.

Madre leva consigo minha alma, 

Embala com a sua calmaria entoada de ninar.

Em tua mão, em teus ombros, alivia o meu peso, 

que dissolve suavemente na luz.

Publicado por Fernanda Serpa

Formada jornalista há 15 anos, sou produtora de conteúdo freelancer. Especializada em redação web, também tenho grande carinho pela criação de ficções e poesias. Sou budista, mãe do Dante e culinarista por hobbie.

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