Ano novo, tudo de novo…

Sexta-feira, 01 de janeiro de 2021. 

7.679.688 infectados.

195.052 mortes

302 dias de isolamento.

Hoje foi realizado pela BSGI o Encontro familiar com Ikeda Sensei. Gongyokay de Ano Novo e aniversário de 93 anos do mestre. O evento foi transmitido pelo Youtube e preencheu meu dia com alegria e energia. Depois de comemorar a passagem do ano de forma bem diferente, foi realmente bom iniciar o ano assim.

Dia 29 eu fui para a casa da minha mãe e fiquei lá até ontem de tarde. Fizemos, então, uma mini cerimônia de ano novo, eu, ela e o Dante. Teve espumante, lichia, nozes e uma longa partida de Buraco. Ela ficou muito feliz por compartilhar esse momento com o neto. E foi bom para mim também, pois foi uma semana densa para mim… Afinal, o segundo ano da era Bolsonaro teve dois dias seguidos com mais de mil mortes por Covid. Dia 30 foram 1216 mortes e ontem foram 1044 mortes no Brasil. Segundo dados da universidade americana Johns Hopkins, o mundo bateu o recorde de mortes no ano com mais 15.518 óbitos, na última terça-feira (29). E a descoberta de uma nova cepa do vírus está tirando o sono da gente.

Deixando momentaneamente de lado a tragédia, era momento de reencontro: Conversamos tanto, eu e minha mãe! Ela sempre tem essa mania de recontar velhas histórias, mas desta vez ela contou coisas que eu nunca tinha ouvido antes. Falou muito da infância dela e me descreveu como era o quarto que dividia com as duas irmãs: A porta passava por dentro do armário embutido, que preenchia toda a parede. Três camas, três móveis com gavetinha para o abajur, e um anjo pendurado na parede. Um anjo azul e grande, com detalhes prateados. Enquanto ela falava eu visualizava mentalmente, passeando pelas memórias dela. E acabei lembrando de um anjinho de cerâmica muito bonito que minha mãe mantinha no nosso quarto quando eu era criança, talvez até repetindo a tradição que ela mesma tinha na infância dela. E desse nosso anjinho eu lembro muito bem! Ele não tinha mais que dez centímetros e era uma pequena escultura muito detalhada, que lembrava um estilo renascentista, pintado todo com a cor marrom claro. Ficava pendurado em um pequeno prego, no canto do quarto, acima da porta. Certa vez, em uma das faxinas que nós fazíamos, eu decidi pegar o anjinho para tirar o pó, já que nunca havia feito isso e imaginei que precisava de uma limpeza… Porém, para minha surpresa, o anjo totalmente sem pó. Foi um momento místico e inesquecível de uma memória compartilhada com meu irmão e minha mãe. O anjo que não pega pó acabou sendo adicionado na mitologia das histórias da minha infância. Ele permanece até hoje na casa da minha mãe.

Depois de dois dias na casa da minha mãe, com muito acolhimento e nostalgia, era hora de voltar para casa e preparar mais uma mini ceia, desta vez apenas para mim, meu marido e filho. Eu percebi que era o primeiro ano que eu iria passar com o meu gato, já que nos outros 4 anos de vida dele, eu saía ou viajava, deixando-o sozinho em casa. A sorte é que o Anakin não tem muito medo dos fogos. E nessa segunda cerimônia de passagem de ano, o cardápio foi camarão! Depois, nós pegamos o futon e cobertores para acampar na varanda, preparando para ver os fogos de artifício no céu. Abrimos a espumante, felicitamos alguns vizinhos que também estavam nas janelas, e aproveitamos o espetáculo. O Dante ficou encantado demais com as luzes das “explosões bonitas coloridas”. Pois foi assim que nos despedimos deste 2020, que foi um ano muito diferente, pesado… Um ano de reflexão, pesar, luto, luta, amor, contentamento, aprendizado, revolta e transformação. Meu desejo é que tenhamos tempos mais suaves diante de nós! Feliz Ano Novo. Feliz Ano Todo.

Publicado por Fernanda Serpa

Formada jornalista há 15 anos, sou produtora de conteúdo freelancer. Especializada em redação web, também tenho grande carinho pela criação de ficções e poesias. Sou budista, mãe do Dante e culinarista por hobbie.

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